Tuesday, October 09, 2007

Dia -713

Silenzio

alguém que começo a conhecer
(de certeza: não existe)
alguém a quem me liga mais do que supus
(eu digo: não suponho)
por exemplo
a dor
a morte
o riso
(um dia: o esquecimento)
fala
(me)
assim
do silêncio

Eppure io credo se chi fosse un po' più di silenzio,
se tutti facessimo un po' di silenzio, forse qualcosa potremmo capire *

sim
se
(ao menos)
pudéssemos fazer um pouco mais de silêncio
(todos nós)
compreenderíamos
(certamente)
qualquer coisa nova
ou diferente
mas não
fizemos deste ruído
(dentro)
o nosso hábito
e não compreendemos
(quase)
nunca
nada

*fala de La vocce della luna, o último filme de Frederico Fellini.

E, no entanto, eu acredito que se houvesse um pouco mais de silêncio, se todos fizéssemos um pouco de silêncio, talvez pudéssemos compreender alguma coisa


6 comments:

odeusdamaquina said...

Olá Elisa. Obrigado por mencionares o maria pernilla, mas gostava que corrigisses aqui no teu blog, pois tens escrito maria pernilha. É só trocares o agá pelo ele.
Obrigado. E bom jazz, sempre!

Elisa said...

Viva odeusdamaquina
Mil perdões por tão grave lapso. Já corrigi.
Bom jazz, sempre, naturalmente... mas isso é ali no blog do lado ;-)

odeusdamaquina said...

Nada de perdões! Apenas emoções e mil obrigados. Apenas porque gosto do rigor! Beijos

Elisa said...

Nem ficaria bem a um deus, ainda que tresvariado, não gostar de rigor. Peço de novo desculpa que eu também gosto do rigor. Embora me distraia com facilidade.

odeusdamaquina said...

mas atenção: este é apenas um deus ex-machina, que vem resolver a tragédia (ou comédia), dando-lhe um final feliz. É um deus que desce por uma mekané (uma máquina). Nada de pretensões a raiar a divina sapiência, nada disso! É muito mais teatral, este deusdamaquina. Uma experessão engraçada e adaptada por mim para a nossa materna língua, num dia mais criativo, tudo isto para ocultar a verdadeira identidade. Mais uma vez, as máscaras, o teatro, o grande teatro do mundo, como diria o Calderón de la Barca.

Elisa said...

Vi há uns 4 anos e meio... A Vida é Sonho de Calderon de La Barca pelo Teatro da Cornucópia. Fantástico! Agora lembrei-me disso. E de quão poucas vezes vou ao teatro também. Bom, já fui mais vezes depois desta peça, naturalmente, mas vou poucas vezes :-(
Eu sei que o teu nick não tem nada de pretensiosismo de divina sapiência :) isto apesar de não saber quem és... mascáras sim, usamo-las todos, com mais ou menos ocultação do nosso verdadeiro nome. Mas e o que é um nome? Não é decerto a nossa identidade... e a nossa identidade é formada porque coisas? Algumas inventamo-las e é como se fossem verdade. Outras são verdade e nem as vemos e... pronto, sei lá... estou a tresvariar.