O mar ainda acredita nas ondas as areias
(João José Cardoso)
"Andarei mais vinte dias ao frio, ao vento e à fome às escondidas da sorte um dia fraco, outro forte qu'o dia em que se não come é um dia a menos pr'á morte" (Sérgio Godinho - Romance de um Dia na Estrada)
d) ver abaixo, as 10 perguntas e as 10 canções (algumas letras, uma música...)
'(...) Disse-me na praia
frente ao paredão
“tira a tua saia
dá-me a tua mão
o teu corpo, o teu mar
teu andar, teu passo
que vai sobre as ondas, vem (...)”
'Farto de voar
pouso as palavras no chão
entro no mar
sinto o sal de mão em mão
Tenho um barco na vida espetado
só suspenso por fios dum lado
e do outro a cair
a cair
no arpão
no arpão
no arpão
Levo a dormir
os sonhos
qu'andei pra trás
ergo o porvir
trago nos bolsos a paz
Tenho um corpo na morte espetado
só suspenso por balas dum lado
e do outro a escapar
a escapar
de raspão
de raspão
de raspão
Ponho a girar
cantos que ninguém encerra
de par em parabro as janelas pr'á terra
Tenho um quarto na fome espetado
só suspenso por água dum lado
e do outro a cair
a cair
no alçapão
no alçapão
no alçapão
Farto de voar
pouso as palavras no chão
entro no mar
sinto o sal de mão em mão'
'O rapaz até que nem é burro
tem é falta de uso
mete o nariz onde não é chamado
como um parafuso ó meu rapaz,
tu só és senhor do nariz que é teu
aqui paro para explicar uma coisa:
é que o rapaz sou eu
e assim fala quem quer mandar em mim
e assim fala quem quer mandar em mim
e assim fala quem quer mandar em mim
não protestes
não desfiles
não contestes
não refiles
já joguei ao boxe,
já toquei bateria (trápum)
p´ra ver se me livrava desta energia
nada feito, que arrelia (...)'
'A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mara
té que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste
A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águas
e então falámose então dissemos
aqui vivemos muitos anos
A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste"
'Abro
mil asas
vôo
lá vou eu
Deixo p´ra trás um rasto de irmaõs
sua luz clareia as minhas mãos
escrevo uma frase à luz que não há
até sempre, ou seja, até já
Vai
corcel fogoso a galopar
par a par
com a paz tardia deste mar
À solta
à solta
num bilhete de ida e volta
Abro
mil braços
vôo
lá vou eu
Estás o mesmo, ou fui eu que mudei
mudamos todos, eu só sei
que enquanto isto não é o que for
rirá por fim quem rir melhor
Vem
rasgar os breus do alto mar
que a lutar
algum repouso se há-de achar
À solta
à solta
num bilhete de ida e volta '
Aprendi a Amar
'Aprendi a amar pela madrugada
no frio denso, no frio denso
com os dentes fechados a morder o lenço
sem poder calcar a porta de entrada
aprendi a matar bem mais do que penso
aprendi a matar bem mais do que penso.
Aprendi a amar com as duas mãos
de amor intenso, de amor intenso
uma para a ferida outra para o penso
a molhar os dedos nos líquidos sãos
aprendi a matar bem mais do que penso
aprendi a matar bem mais do que penso.
Aprendi a amar junto dos armários
queimando incenso, queimando incenso
repetindo mais palavras por extenso
aprendi a amar por motivos vários
aprendi a matar bem mais do que penso
aprendi a matar bem mais do que penso.
Aprendi a amar derramando vinho
no mar imenso, no mar imenso
a ver se não perdia o que sei que não venço
deixando corpos caídos no caminho
aprendi a matar bem mais do que penso
aprendi a matar bem mais do que penso'
8. como é a tua vida?
Pois, é a Vida
'Pois, é a vida
pois, pois, pois é, pá
não há melhor
é o melhor que há
deseja que embrulhe
ou é pra viver já?
Deseja que embrulhe
ou é pra viver já?'
(esta merece música)
Dias Úteis
'Toda a gente passou horas em que andou desencontrado
como à espera do comboio na paragem do autocarro'
(Lá em Baixo)
e) E agora... atiro a corrente a quem a quiser agarrar.
2.
Obrigada de novo.
3.
Cadeia*
Uma só palavra, dizem, poderá salvar-nos
Pedes-me doze e talvez eu não esteja pronta para tamanha salvação
*também no Bebedeiras de Jazz com música e pintura ao fundo
*Era para escrever sobre A Bout de Souffle de Jean-Luc Godard, que vi ontem, no Cineclube de Aveiro. Já vi muitas vezes este filme.
Nunca o tinha visto em écran gigante.
Sempre me comoveu o rosto de Jean Seberg.
Depois, como todos os dias, fui ao Respirar o Mesmo Ar e encontrei um texto assim. Com respirações como esta:
Há um compromisso no escrever. No ler. Esse compromisso é uma viagem. Uma aventura.
E constatei outra vez que a escrita do Joaquim é,
tal como o rosto da Jean Seberg,
uma coisa que me comove.
Cheguei-me a ti.
disse baixinho: olá
toquei-te o ombro
e a marca ficou lá
(este é um dos meus memes, seguramente)