Sabes? É que às vezes só andamos à procura de bocadinhos.
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Tuesday, February 19, 2008
Dia -843
A propósito de um abraço e de uma carta
Sabes? É que às vezes só andamos à procura de bocadinhos.
De uma pessoa. Noutra pessoa.
E outras vezes abrimos caixas antigas.
E sabes?
Sabes como é chorar em cima de sorrisos?
Sunday, February 03, 2008
Friday, January 11, 2008
Dia -804
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
Encontrei há pouco este poema numa antiga carta que a Teresa me escreveu.
A Teresa escreve-me sempre cartas.
Mesmo sendo sob a forma de email.
São cartas.
Daquelas que guardamos com dedicação.
Daquelas que esperamos com urgência.
E não sei por que razão
(a razão tem pouco a ver com estas coisas)
abri hoje de novo o enorme ficheiro que junta a nossa correspondência
e encontrei este poema.
Pareceu-me adequado ao que hoje sinto.
Pareceu-me que fala de espera.
De adiamentos.
E de urgências.
Mas talvez me tenha parecido tudo mal.
E não seja nada disto.
Sunday, January 06, 2008
Dia -799
Oggi vorrei darti solamente di cose belli
«Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono, germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono, na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.»
António Ramos Rosa - Nascimento Último
Sunday, December 30, 2007
Dia -792
Anti-Balanço
Sinceramente. Acho disparatado. Fazer balanços.
Quer dizer... para que serve exactamente um balanço?
Aconteceram imensas coisas em 2007.
A mim. Na minha rua. No meu país e no mundo.
Pronto.
Não acontecem sempre imensas coisas em 365 dias?
Dos últimos 364 dias houve dois especialmente bonitos.
Os dias em que duas pessoas entraram na minha vida.
Ambas com a mesma força, deslumbramento e entusiasmo com que,
em crianças, fazemos amigos.
Bom Ano!
Tuesday, November 06, 2007
Dia -741
I miei amici sono meglio di me
(particolarmente per Antonio)*
Io non meritano i miei amici.
Sono troppo buoni per me.
Oggi ho davvero bisogno di un abbraccio.
Un grande abbracio.
Mi sono recato all'ufficio postale per raccogliere una lettera raccomandata ...
Non era una lettera.
Ma una scatola (una grande) piena di cioccolatini.
Cioccolatini belgi.
Da la migliore casa di cioccolatini in tutto il mondo - Neu Haus.
Grazie mille Antonio.
Per la sorpresa.
Per il cioccolato
e per l'abbraccio che mi avete dato,
senza sapere che avevo bisogno.
* Scusa Antonio, ma mio italiano non è molto buono
Tuesday, October 23, 2007
Dia -727
Ficções
Às vezes não sabemos se as pessoas
que conhecemos e de quem gostamos
são ainda as mesmas.
Mas
às vezes, aquilo que sabemos sobre alguém
é o bastante,
mesmo que seja já pouco
ou mesmo que seja já diferente.
Friday, June 15, 2007
Dia -598
Numa Livraria de Sevilha...
vi o livro A Chuva Amarela e, claro: pensei em ti.
É extraordinário permanecer assim na memória dos outros.
(sms do meu amigo Luiz, um jardineiro das palavras,
que mais uma vez se meteu ao caminho de Santiago, desde as margens do Lago di Como)
(Para quem não sabe, A Chuva Amarela é um livro de Julio Llamazares. Outro dos meus memes)
Saturday, March 31, 2007
Wednesday, February 28, 2007
Dia -490
Manias
A mania que na cama nascem amores profundos só porque um gajo está deitado.
(A frase não é minha que, sendo gaja, já perdi estas manias há uns tempos.
É do J. que, não sendo gaja, ainda lida com estas manias)
Adenda: mas podem nascer amores profundos na cama...
deitados ou noutra qualquer posição.
Os amores profundos podem nascer em qualquer parte.
E a cama é um lugar tão bom como qualquer outro. Hum... talvez ainda melhor.
deitados ou noutra qualquer posição.
Os amores profundos podem nascer em qualquer parte.
E a cama é um lugar tão bom como qualquer outro. Hum... talvez ainda melhor.
Saturday, February 10, 2007
Momento de Intervalo...
... Ou Aqueles que Amam as Palavras, Fazem a Mesma Viagem, Quase Sempre
Obrigada Alexandre
por teres colocado num texto absolutamente belo todas as palavras que amo.
para a Elisa
Estive longos minutos sentado na cadeira sem que qualquer palavra surgisse
(e agora que penso melhor, os minutos são uma porção significativa de tempo quando as palavras não se dignam a estar presentes, e por isso minutos longos como quem conta todos os crepúsculos da manhã e da tarde, como quem vai sobrando à conta dos dias, distanciando-se com a boca calada e meneando a cabeça à descoberta de)
de coisas mundanas como os autocarros que passam aqui em frente a horas tardias, levando uma duas pessoas, aconchegadas no colo da noite perdidas sabe-se lá em que boca calada, meneando a cabeça à descoberta das palavras certas, e nenhuma que surgisse, de modo que eu
(provavelmente todos os segundos o mais demorado beijo, uma tarde de amor, uma viagem)
de autocarro fechado no colo da noite a querer lembrar-me de ti sem encontrar resposta para a teimosia das palavras ausentes durante tanto tempo
(fazendo das horas meses, o sol e a chuva, e a lua, tudo isso, quando vejo uma ou duas pessoas dentro dos autocarros a horas tardias, com as coisas pequenas meneando a cabeça dentro do colo da noite, de modo que eu)
deixo-me ficar sentadinho na cadeira como um traste velho à espera de todos os fins, são longos minutos que me faltam, não são uma duas pessoas que passam dentro do colo da noite pestanejando autocarros a horas tardias
(como se um demorado beijo, e as tardes de amor contadas pelos dedos a jurar que)
um dia serias tu, mas nada disso, quando digo que são uma duas pessoas aconchegadas às palavras sem dizer, só a ti te vejo, posso mesmo jurar que és tu dentro do autocarro levado no colo da noite, que são apenas minutos
(e pensando bem, minutos é uma maneira de dizer que uma porção significativa de crepúsculos esperando a tua saída, mas o sonho que tenho é sempre a mesma volta, com a mesma ambiguidade de que se faz a vida que vivemos sem percebermos que ao olhar para trás são dunas)
dunas de segundos pelo mais demorado beijo, uma tarde de amor. Sempre a mesma viagem.
Saturday, November 04, 2006
Dia -374
As Coisas Importantes (IV)
Durante muito tempo achei que tinha perdido a capacidade de fazer amigos,
com a facilidade que tinha na infância e na adolescência.
Hoje em dia, a maior parte das pessoas aborrece-me.
As pessoas
(eu incluída)
parecem-me, geralmente, uma merda sem interesse nenhum
(mas a mim tenho de me aturar).
Há excepções naturalmente.
Ela é uma delas.
Ainda nem me conhecia e procedeu como se me conhecesse há anos.
E reconheceu-me de repente.
É ela a única pessoa que reparou que eu espeto o nariz
quando me fazem zangar
(eu não sabia, mas reparo que é verdade).
Hoje apareceu-me com um livro de capa azul nas mãos
e deu-mo.
O livro era o meu.
E parecia um livro a sério.
Mas muito menos a sério e muito menos importante
do que ela.
Wednesday, November 01, 2006
Dia -371
As Coisas Importantes (III)...
...as realizações pessoais dos nossos amigos mais queridos.
As coisas notáveis que se ouvem dizer a propósito deles
(neste caso, dela).
O sorriso idiota que se nos estampa no rosto,
quando os vemos serem brilhantes.
A felicidade deles é a coisa mais importante.
E é também nossa.
Wednesday, July 26, 2006
Dia -275
Muitos Parabéns...
... e um monte de prendas e mais um monte de anos pela frente e mais um monte, daqueles mesmo grandes, de felicidades.
Para
Sunday, June 18, 2006
Saturday, June 17, 2006
Dia -235
Com um Brilhozinho nos Olhos
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há
(Sérgio Godinho)
Saturday, May 27, 2006
Saturday, May 13, 2006
Dia -200
Azul
Eu tenho um amigo azul.
Que acha que eu sou bonita.
Que me quer bem.
Que me pede devagar. Coisas. Como.
'Não estejas triste'.
Que me abre a porta de casa.
Que chora das minhas lágrimas.
Que tem o coração pesado.
Quando o meu também pesa muito.
Eu tenho um amigo azul.
O azul é uma cor bonita.
Tuesday, May 02, 2006
Dia -190
A Amiga Apaixonada
A minha amiga escreveu-me isto:
«Não fazes ideia. Ou até farás.
Se alguém pode fazer, será com certeza tu.
Tem sido fabuloso.
Tem sido fabuloso.
Algo que nunca julguei possível, ou pelo menos algo que já não julgava possível.
Um amor avassalador, enfim não nos precipitemos -
uma paixão avassaladora.
Um turbilhão, um ciclone que tudo arrasta.»
Mais uma vez fiquei contente.
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