Friday, November 30, 2007

Dia -762

O que eu gosto deste homem...



há tantos anos.
Que quando o revejo, como hoje,
a cantar tão bem as letras que conheço de cor...
lembro-me de mim há tantos anos.
E do tanto que gostei e gosto dele.

Thursday, November 29, 2007

Momento de Intervalo...

para partilhar uma frase bonita*


Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação.
Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória.
A Europa imitará Portugal.
Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio.

A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos!


Victor Hugo, 1876, a propósito da abolição da pena de morte em Portugal (o primeiro país europeu a fazê-lo)

* bom e um certo orgulho de ser, afinal, portuguesa. Nisto. Só nisto. Ou quase só nisto.

Isto tudo vem a propósito de uma carta do Antonio, sobre amanhã se celebrar a Festa Regionale della Toscana.
A 30 de Novembro de 1786 aboliu-se nesta região de Itália a pena de morte.
Uma excelente razão para fazer uma festa e celebrar.
Também vem isto a propósito de no passado 15 de Novembro a Assembleia Geral das Nações Unidas ter aprovad uma moratória que decreta a suspensão das execuções por pena de morte em todo o mundo.
Mas... ainda são 74 os países do mundo em que esta lei existe.
Países entre os quais se encontram os EUA, o paradigma do desenvolvimento, da modernidade
e da civilização ocidental.
Neste país, em 38 dos 50 estados a pena de morte é legalmente permitida.
Também o governo federal tem o direito de utilizar estes instrumento legal.
A liberdade é uma cidade imensa. Mas nem todos são concidadãos dessa cidade.

Dia -761




Piet Mondrian - The Red Tree

A árvore é uma habitação perdida. E encontrada**. As árvores lembram-nos o que seríamos se pudessemos ser durante séculos. As árvores exigem a nossa lenta reverência**. Com vagar, diante do tronco rugoso, das folhas que rebentam novamente a cada primavera, dos ramos que se tingem de vermelho para depois se despirem, no outono... reconhecemos o quão pequenos somos. E fugazes. As árvores não. As árvores permanecem majestosas mesmo quando deixarmos de poder reconhecê-las.

* Ahmad Jamal (8:06) in 'The Legendary Ahmad Jamal Trio Live'
** frases de António Ramos Rosa, no poema cada árvore é um ser para ser em nós

Poinciana é uma árvore tropical de folhagem abundante e escarlate ou, outras vezes, laranja. Também pode ser chamada a árvore vermelha.

Wednesday, November 28, 2007

Dia -760

Chega de árvores por agora

Contemplemos antes este cavalheiro. Aqui na pele de Sir Walter Raleigh em Elizabeth - The Golden Age*. O filme hum... nothing special. O bem contra o mal e assim. O costume, portanto, neste género de filmes. Mas o moço... Oh atentem bem neste moço! Até pode ser um bocadinho canastrão**, mas ao olhar para ele... quer dizer... ehr... que interessa isso?


*É um filme de Shekhar Kapur, também com Cate Blanchett e Geoffrey Rush. O filme é a sequela de Elizabeth, do mesmo realizador e igualmente com Cate Blanchett e Geoffrey Rush nos mesmos papeis.

** Em Closer, de Mike Nichols, não esteve nada canastrão. Esteve almost perfect. Nos restantes, bom... enfim... Mas suponho que lhe podemos perdoar, não?

Tuesday, November 27, 2007

Dia -759

Ainda as árvores, ou os poemas com árvores

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses.

António Ramos Rosa -
Cada árvore é um ser para ser em nós

Monday, November 26, 2007

Dia -758

Receptáculo anónimo do espanto

(A imagem deste belo castanheiro foi tirada de Montesinho Vivo)


Árvore rumorosa pedestal da sombra

sinal de intimidade decrescente

que a primavera veste pontualmente

e os olhos do poema de repente deslumbra

Receptáculo anónimo do espanto

capaz de encher aquele que direito à morte passa

e no ar da manhã inconsequente traça

e rasto desprendido do seu canto

Não há inverno rigoroso que te impeça

de rematar esse trabalho que começa

na primeira folha que nos braços te desponta

Explodiste de vida e és serenidade

e imprimes no coração mais fundo da cidade

a marca do princípio a que tudo remonta

Ruy Belo - Àrvore Rumorosa

Sunday, November 25, 2007

Dia -757

Le Fabuleux Destin d'Odette Toulemonde*


Oui, il y a quelque chose de pareil entre Odette Toulemonde
(mais quel beau nom!)
et Amélie Poulain.
Je sais pas quoi.
Mais il y a.
Peut-être le bonheur. L'optimisme.
Apprendre et enseigner le bonheur.
Les deux le rende aussi simple!
Et ce genre de choses lá... ça peut arriver a tout le monde ;-))

* Odette Toulemonde c'est un film de Eric-Emmanuel Schmitt, avec la magnifique Catherine Frot dans le rôle d'Odette.

Friday, November 23, 2007

Dia -756

Les Baobabs, selon le Petit Prince

(para a Lou)







«(...) Chaque jour j'apprennais quelque chose sur la planète, sur le départ, sur le voyage. Ca venait tout doucement, au hasard des réflexions. C'est ainsi que, le troisième jour, je connus le drame des baobabs. Cette fois-ci encore fut grâce au mouton, car brusquement le petit prince m'interrogea, comme pris d'un doute grave:

-C'est bien vrai, n'est-ce pas, que les moutons mangent les arbustes? -Oui. C'est vrai. -Ah! Je suis content.

Je ne compris pas pourquoi il était si important que les moutons mangeassent les arbustes. Mais le petit prince ajouta:

-Par conséquent ils mangent aussi les baobabs?

Je fis remarquer au petit prince que les baobabs ne sont pas des arbustes, mais des arbres grands comme des églises et que, si même il emportait avec lui tout un troupeau d'éléphants, ce troupeau ne viendrait pas à bout d'un seul baobab. L'idée du troupeau d'éléphants fit rire le petit prince:

-Il faudrait les mettre les uns sur les autres...

Mais il remarqua avec sagesse:

-Les baobabs, avant de grandir, ça commence par être petit.

-C'est exact! Mais pourquoi veux-tu que tes moutons mangent les petits baobabs?

Il me répondit:

- "Bien! Voyons!"

comme il s'agissait là d'une évidence. Et il me fallut un grand effort d'intelligence pour comprendre à moi seul ce problème. Et en effet, sur la planète du petit prince, il y avait comme sur toutes les planètes, de bonnes herbes et de mauvaises herbes. Par conséquent de bonnes graines de bonnes herbes et de mauvaises graines de mauvaises herbes. Mais les graines sont invisibles. Elles dorment dans le secrèt de la terre jusqu'à ce qu'il prenne fantaisie à l'une d'elles de se réveiller. Alors elle s'étire, et pousse d'abord timidement vers le soleil une ravissante petite brindille de radis ou de rosier, on peut la laisser pousser comme elle veut. Mais s'il s'agit d'une mauvaise plante, il faut arracher la plante aussitôt, dès qu'on a su la reconnaître. Or il y avait des graines terribles sur la planète du petit prince... c'étaient les graines de baobabs. le sol de la planète en était infesté. Or un baobab, si l'on si prend trop tard, on ne peut jamais plus s'en débarasser. Il encombre toute la planète. Il la perfore de ses racines. Et si la planète est trop petite, et si les baobabs sont trop nombreux, ils la font éclater.

- C'est une question de discipline,

me disait plus tard le petit prince.

- Quand on a terminé sa toilette du matin, il faut faire soigneusement la toilette de la planète. Il faut s'astreindre réguliérement à arracher les baobabs dès qu'on les distingue d'avec les rosiers auxquels ils se rassemblent beaucoup quand ils sont très jeunes. C'est un travail très ennuyeux, mais très facile.

Et un jour il me conseilla de m'appliquer à réussir un beau dessin, pour bien faire entrer ça dans la tête des enfants de chez moi.

- S'ils voyagent un jour, me disait-il, ça pourra leur servir. Il est quelquefois sans inconvénient de remettre à plus tard son travail. Mais, s'il s'agit des baobabs, c'est toujours une catastrophe. J'ai connu une planète, habitée par un paresseux. Il avait négligé trois arbustes...

Et, sur les indications du petit prince, j'ai dessiné cette planète-là. Je n'aime guère prendre le ton d'un moraliste. Mais le danger des baobabs est si peu connu, et les risques courus par celui qui s'égarerait dans un astéroïde sont si considérables, que, pour une fois, je fais exception à ma réserve. Je dis:

- Enfants! Faites attention aux baobabs!

C'est pour avertir mes amis du danger qu'ils frôlaient depuis longtemps, comme moi-même, sans le connaître, que j'ai tant travaillé ce dessin-là. la leçon que je donnais en valait la peine. Vous vous demanderez peut-être: Pourquoi n'y a-t-il pas dans ce livre, d'autres dessins aussi grandioses que le dessin des baobabs? La réponse est bien simple: J'ai essayé mais je n'ai pas pu réussir. Quand j'ai dessiné les baobabs j'ai été animé par le sentiment de l'urgence.»

(Antoine de Saint-Éxupery)


Thursday, November 22, 2007

Dia -755

A Árvore

Estava a dar a aula.
Uma aula bastante expositiva.
a exlusão social isto e aquilo. e a exclusão territorial assim. e a segregação espacial assado.
e os territórios rurais assim. e os territórios urbanos assado. e a diversidade. e isto. e aquilo.
E de repente calei-me.
Parei completamente.
Quando ouvi o silêncio.
O silêncio espantado dos alunos.
É que percebi que me tinha calado.
Que me tinha distraído sem me aperceber.
A olhar para a árvore ao fundo, além da janela.
Uma magnífica árvore.
Com as folhas carregadas de todos os tons do outono.
Quando expliquei isto aos alunos.
Olharam para mim como se não me conhecessem.
Apenas um, mais afoito, perguntou:
temos de saber isso para o teste, professora?

Wednesday, November 21, 2007

Dia -754

Downloads (ou isso)

A maior parte das pessoas faz downloads de música.
Já eu nunca os faço.
Em vez disso fico toda contente quando descubro que a Sage
tem todos (repito: todos) os artigos de todas (repito: todas)
as revistas que publica, em acesso completamente livre.
É até 30 de Novembro.

Sunday, November 18, 2007

Dia -752

Juro que não é verdade... *


Para si, os homens estão entre o desporto e a colecção de cromos.
Hedonista, gosta essencialmente de se divertir.
Não perde tempo a planear o futuro e só acredita em relações intensas mas fugazes.

* Se bem que a maioria dos homens seja de facto uma colecção de cromos... não é verdade esta primeira frase, aplicada ao meu caso. O resto sim. Se querem saber que personagem do Sexo e a Cidade seriam, cliquem na imagem.

Saturday, November 17, 2007

Dia -751

Great Concert*






* Não foi este. Foi no CC Vila Flor, no Guimarães Jazz 2007, em quarteto.
Mas também se ouviu a música que aqui toca o Ahmad Jamal Trio -
Poinciana.

Friday, November 16, 2007

Dia -750

A Solidão

*

é saber que nunca mais


n
u
n
c
a

m
a
i
s

te vejo.

*Amalia Gre. Uma jovem (e belíssima) cantora de jazz italiana em Io Cammino di notte da sola


Io cammino
di notte da sola
poi piango poi rido
e aspetto l’aurora
Ed è una realtà
tutta mia
e una strana atmosfera
pervade la mente
di sera
Io vivo
a volte infelice
a volte gaudente
talvolta vincente
o perdente
Ed è una vita d’artista
così altalenante
ma quello che creo
è importante per me
Io cammino
di notte da sola
poi piango, poi rido
poi parlo, poi rido
poi grido

Thursday, November 15, 2007

Dia -749

La veille d'un jour important, il y a 16 ans


La solitude ne se partage pas.

Wednesday, November 14, 2007

Dia -748

O Paulo*

não é bem uma daquelas pessoas malucas a que me referi no post anterior.
Mas se calhar até é.
Dá-me os parabéns, ali uns posts mais abaixo,
por tudo (?).
Tudo é o quê?
É praticamente o mesmo que nada.

*Miúdo: olha que talvez estejas a ficar maluco.
Dares os parabéns às pessoas, assim, por tudo e por nada,
bem pode ser o início de um processo de loucura, não?
Mas eu gosto de ti à mesma.

Tuesday, November 13, 2007

Dia -747

Eu acho

que as pessoas andam todas malucas. Acho mesmo.
Isso não seria um problema se
eu não estivesse destinada a cruzar-me com mais de metade delas.

Monday, November 12, 2007

Dia -746



Eu não devia viver dentro de uma canção de amor.
Dessas de onde apetece fugir.
Onde as notas são como facas.
Dessas canções.
De amor.
Onde as notas são lágrimas afiadas.
A vazar-nos os olhos.
A rasgar-nos a carne.
A queimar-nos a pele.
Eu devia viver dentro de uma canção de amor.
Onde o teu sorriso não estivesse.
A lembrar-me para sempre.
Onde era o amor.
Onde eram as notas.
Mansas.
Como as árvores centenárias.
Eu não devia viver dentro de uma canção de amor.
Dessas onde todas as árvores estão mortas.
Ou a arder.
E de qualquer maneira me empurram.
Ao morrer.
Para fora da floresta.

* Brad Mehldau Trio (4:23) in ‘The Art of the Trio, Volume 3: Songs’

Sunday, November 11, 2007

Dia -745

Arrumações

Não sei porque é que abri a primeira caixa.
Depois vi-te.
O resto é o teu sorriso imenso.
Nunca te conseguirei arrumar.
Em lado nenhum
O teu sorriso não cabe em lado nenhum.

Saturday, November 10, 2007

Dia -744

O Primeiro Dia





Gosto tanto do Sérgio Godinho.
E num dia em que sinto que as coisas
começam finalmente a mexer-se
que começamos a não ter receio de pensar
e debater...
num dia assim só me lembro desta música.
Adelante!

Friday, November 09, 2007

Dia -743

Ainda a Felicidade (algumas diferenças de género)



Cartoon de Maitena, da série Superadas

Thursday, November 08, 2007

Tuesday, November 06, 2007

Dia -741

I miei amici sono meglio di me
(particolarmente per Antonio)*


Io non meritano i miei amici.
Sono troppo buoni per me.
Oggi ho davvero bisogno di un abbraccio.
Un grande abbracio.
Mi sono recato all'ufficio postale per raccogliere una lettera raccomandata ...
Non era una lettera.
Ma una scatola (una grande) piena di cioccolatini.
Cioccolatini belgi.
Da la migliore casa di cioccolatini in tutto il mondo - Neu Haus.
Grazie mille Antonio.
Per la sorpresa.
Per il cioccolato
e per l'abbraccio che mi avete dato,
senza sapere che avevo bisogno.

* Scusa Antonio, ma mio italiano non è molto buono

Sunday, November 04, 2007

Dia -739

Sicko


Mais um tiro certeiro de Michael Moore.

Thursday, November 01, 2007

Dia -736

Conheço outros retratos teus onde também estás viva*

Vou ali.
É quase certo que volto.

Entretanto deixo-vos isto:



* Ruy Belo, Elogio de Maria Teresa.
Aqui dito, tão bonito, por Luís Miguel Cintra)