Wednesday, February 20, 2008

Dia -844

Não sei porquê... a sério, não sei porquê...

mas apeteceu-me ouvir isto outra vez*.


De qualquer maneira, é triste, o abandono de uma espécie de mito.
Mesmo imperfeito, como todos, o homem que hoje renuncia,
é um herói.
E este outro era também um herói muito imperfeito.
E juntos há muitos anos. Sonharam um mundo.
Imperfeito. Como todos.
Hasta Siempre.


*pronto eu gosto desta música, está bem? É por isso que esta é a quarta vez que ela aqui aparece, numa outra versão.

Tuesday, February 19, 2008

Dia -843

A propósito de um abraço e de uma carta

Sabes? É que às vezes só andamos à procura de bocadinhos.
De uma pessoa. Noutra pessoa.
E outras vezes abrimos caixas antigas.
E sabes?
Sabes como é chorar em cima de sorrisos?

Monday, February 18, 2008

Momento de Intervalo...

ou o meu telefone...

é uma merda. Não exactamente o telefone. A operadora. Boh. E ainda lhe chamam optimus??
Ora não consigo mandar mensagens. Ora não as recebo. Ora as recebo em catadupa com 3 dias de atraso.
Ora bolas!

Dia -842

Ele diz que não sabe

porque é que me faz feliz.
Eu também não sei.
Acho que é porque deseja coisas como esta:
espero que fales comigo nos próximos 650 anos.
Ou porque imagina impossibilidades assim:
queria arranjar uma maneira de mergulhar nos teus olhos, nadar na tua cabeça e encontrar um bom lugar para ver o teu sorriso a partir de dentro.
Ele diz que não sabe porque é que me faz feliz.
Eu também não sei. Mas gosto de o imaginar,
com um ar feliz e cansado, a regressar do campo.
A apreciar a tarde de inverno que lentamente se cobre de noite.
A olhar para as coisas que lhe ficam no caminho.
A ter a urgência de me comunicar:
Regresso do campo, depois de um dia inteiro de trabalho. Está uma linda tarde de inverno. Olho para esta igreja medieval. E penso em ti. E tenho saudades tuas.

Sunday, February 17, 2008

Dia -841

Cadeia*

Uma só palavra, dizem, poderá salvar-nos

Pedes-me doze e talvez eu não esteja pronta para tamanha salvação

estrela girassol silêncio
chuva árvore
inverno casa
pedra poema pássaro
noite boca

*também no Bebedeiras de Jazz com música e pintura ao fundo

Passaria esta cadeia ao Luís, à Fátima, à Carla e ao próprio Joaquim que gostam tanto de palavras como eu.
Mas como estes já foram encadeiados, passo ao João , a ver como as endromina. Também passo ao Bagaço Amarelo que compreende as mulheres bastante melhor do que pensa e nunca responde a cadeias. Passo igualmente à Miss Woody ou à Miss Allen, conforme lhes apetecer.

Saturday, February 16, 2008

Dia -840

Há dias em que

a única diferença entre a minha vida
e uma telenovela mexicana
é os protagonistas falarem em português.

Friday, February 15, 2008

Dia -839

Questo è per te


astor piazzolla - jeanne y paul

come se fosse possibile avere un futuro solo per noi.
o un altro mondo.
come se fosse possibile inventare altre parole
per quello che ci sentiamo.
o un altro mondo in cui fosse possibile
essere sempre con te.
ti voglio
(sempre)
tanto bene.
tanti auguri a te.

Thursday, February 14, 2008

Dia -838

Nenhum gesto importante


... pode ser feito amanhã

Wednesday, February 13, 2008

Dia -837

Eu não sabia...

mas a uma certa distância, alguém tem escrito o meu nome.
Como se fosse importante escrevê-lo.
Contra todas as ausências.
Há certamente milhares de coisas mais importantes que esta.
Mas só esta me importa.

Sunday, February 10, 2008

Dia -834

Não chove, mas é um pouco como se chovesse



Mariza - A Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Wednesday, February 06, 2008

Dia -830

And then, you see, one thing leads always to another and...


Rufus Wainwright - Cigarettes and Chocolate Milk

Cigarettes and chocolate milk
these are just a couple of my cravings
everything it seems I like's a little bit stronger
a little bit thicker
a little bit harmful for me

If I should buy jellybeans
have to eat them all in just one sitting
everything it seems I like's a little bit sweeter
a little bit fatter
a little bit harmful for me

And then there's those other things
which for several reasons we won't mention
everything about them is a little bit stranger
a little bit harder
a little bit deadly

It isn't very smart
tends to make one part so broken-hearted

Sitting here remembering me
always been a shoe made for the city
go ahead, accuse me of just singing about places
with scrappy boys faces
have general run of the town
playing with prodigal songs
takes a lot of sentimental valiums
can't expect the world to be your raggedy andy
while running on empty
you little old doll with a frown

You got to keep in the game
maintaining mystique while facing forward
I suggest a reading of 'a lesson in tightropes'
or 'surfing your high hopes' or 'adios kansas'

It isn't very smart
tends to make one part so broken-hearted

Still there's not a show on my back
holes or a friendly intervention
I'm just a little bit heiress, a little bit irish
a little bit tower of pisa whenever I see you
so please be kind if I'm a mess

Cigarettes and chocolate milk
Cigarettes and chocolate milk

Tuesday, February 05, 2008

Dia -829

Ma come è bello quest'uomo!




Nanni Moretti é o protagonista do filme Caos Calmo. Também colaborou na adaptação ao cinema do livro, com o mesmo nome, de Sandro Veronesi. O realizador é Antonello Grimaldi (que aparecia em Il Caimano com o director de produção). Vai ao festival de Berlim. A seguir (espero) talvez estreie em Portugal.
Parece que é um filme sobre abraços. E eu sou de abraços.

Acabo de ver um documentário na RAI Uno, por acaso, sobre a rodagem do filme. Coincidências.
Mas como é belo este Nanni Moretti!

Monday, February 04, 2008

Dia -828

Quando eu morrer...

não façam nada de especial, por favor. Mas há só duas coisas. Três na verdade. Que eu gostaria que me fizessem.


Reduzam o meu pobre corpo a cinzas.


Coloquem-nas sob os pés de um castanheiro


(pode ser aquele, aberto ao meio por um raio, mas que permanece vivo).


Digam este poema.


Depois deixem-me correr na seiva da árvore.


É tudo.

Despeço-me da Terra da Alegria

Os pássaros da noite povoavam
as tílias desta minha solidão
O juízo severo dos seus olhos
de olhar onde cabia o pensamento
a luz e a sombra de uma geração
precariamente iluminavam uma alma
que punha a salvação no mais profundo sono
Um castanheiro filho descuidado do meio-dia
de uma ramagem lenta e ondulante
sorria com sorrisos litorais
em um jardim em flor do meu desejo
Homenageio aquela primavera
primeira primavera da amizade
Tudo era pensamento para ele mesmo até
caminhos que não levam a qualquer
parte sabida ou sequer desconhecida
Belo país da arte eu te saúdo
as imagens levantam-se no ar
e um mundo litúrgico somente imaginado repovoa
as sendas dos amantes verdadeiros
onde as palavras só vinham depois
Põe a tua mão perto de mim sob os
lobos de pedra em cada capitel
Oceanos de olvido na memória
esse país longínquo donde venho
nuvem de vida sobre a minha morte
Apaga o tempo de uma má reputação
anos de inquietação de espanto de vergonha
estrela da minha infância ergue-te de novo
tu que eras para mim o sol e a lua
deslumbrante manhã da existência
País onde me leva o meu apelo
sonhos de dua sonhos de mulher
o gosto do açúcar e do sal
uns olhares de sombra e de mistério
o sentido e o símbolo dos sonhos
Os peixes negros e dourados das recordações
olhos brilhantes de animais desconhecidos
pequeníssimas flores da memória
relâmpago dourado do olhar
Os cheiros acres das redondas cavidades
alguma boca de ouro de onde voam as palavras
animadas figuras do meu sonho
abismo de ameaça nalguns olhos
regiões insondáveis e inacessíveis
o espanto provocado pelo crime
libertação total e harmonia
a superfície lúcida dos sonhos
os rostos múltiplos trazidos num momento
palavras luminosas para mim
O que dirá de mim o castanheiro do outono
a estação do que passa e se desfaz
Esqueci a minha infância e não sei nada
Estou à sombra e espero alguém virá
sombria melodia do meio-dia o perfume dos campos cavalgados
na quente luz do dia em que eu vivia
Alguém me chegará desse distante bosque
onde eu errei a minha juventude
nas formas levemente tacteadas pelos dedos
Não me demoro em sítio algum
já nada significam as palavras
neste deserto onde vigilo e estou desperto
terrivelmente só dentro da noite
Ali no silêncio profundo da floresta
ao teu singular odor de singular mulher
crucifiquei a minha juventude
A vida tem aspectos criminosos como
a subida da chama silenciosa
na haste da mulher que se procure
Não há nenhum regresso nos meus passos
a lua era outra lua de hora a hora
a natureza espera-me faz-me sofrer
troncos incendiados no outono
depois adormecidos no inverno
o aspecto humano de uma terra cultivada
Melodia da voz que abre os corações
pássaro disparado pelos ares
a gratidão que segue a solidão
tudo aquilo era belo e era bom
sabia a alimentos e a paz
a homens a calor a infância e lar
Ela trazia amor nas suas mãos
Sorri sofri a noite era já negra
o amor é coisa débil fugitiva
onde não cabem coisas sedentárias
Agora arrebatado e empreendedor
ingénuo como um jovem mas depois iniciado
e requintado e até calculador
olhar sentir cheirar e tactear
diversamente cada uma das mulheres
na sua irredutível singularidade
As noites já começam a ser frescas
será pelos começos do outono
o vento do outono é agora húmido
há um silêncio até ao fim do mundo
às vezes quando falas tudo neva sobre
as folhas longo tempo revestindo
as árvores durante o dilatado outono
somente agora verdadeiramente moribundo
com as primeiras neves do inverno
demónio de demência e desespero
estranha companheira dos meus dias
E a solenidade das noites do inverno
descia no meu corpo solitário e nu quando me
sentia longe das habitações humanas
da casa acolhedora ao cimo do inverno
A fome murmurava no meu corpo
o meu desejo ardente de salvar-me de
cantar os velhos salmos no altar do mundo
ameaçado e mísero e pequeno um
círculo rodeando o coração
desânimo da morte amargurada
debaixo da folhagem já apodrecida
através das diversas estações
de olhos divididos por florestas
de narinas abertas para bâlsamicas violetas
bebendo as montanhas e as nuvens
e a quente intimidade sobre a terra
Acordaram-me os ramos de um salgueiro
os dias das imagens transbordantes
na embriaguez vasta dos espaços
na solidão desértica da alma
o meu amor profundo pela arte
o meu ódio selvagem contra mim
Nós mudamos de heróis e pouco mais
só eu mais maduro e seguro de talento
não tenho paz alguma a teu respeito
ó virgem vagarosa e concentrada
de um rosto calmo belo e impassível
ó vida ó minha primitiva mãe
inacessíveis profundezas da morte
e na sua pureza a sua essência
e simplesmente a minha humana mão
o jogo da ambição um simples jogo
Na refrescante primavera primitiva
ternura maternal e melancólica
e logo após o sentimento frágil
naquele êxtase breve e fugitivo
que é inerente ao acto do amor
a solução em sombra dessa face luminosa
que brilha um breve instante numa vida
a solidão desértica do espírito
o símbolo sagrado do amor
O gozo áspero do vasto perigo
modulação suavíssima das faces
não cessará de abrir a flor das minhas mãos
E depois disso a neve logo cobre
aquela boca de fim do verão
como esses frescos peixes prateados
olhos dourados ansiosos e fixos
que à morte se abandonam resignados
Hei-de saborear o mundo o seu horror
fealdade beleza e harmonia
ver passar o inverno e o verão
e sentir solidão e alegria
Quando por vezes paro de cantar e vejo
uns deslumbrantes ombros femininos de
gigantescas estrelas nos cabelos
quero sentir-me atado ao respirar da casa
Ver-me sensível para com as estações
irmão somente de inocentes animais
ao sol ao nevoeiro à chuva à neve
ser no meu coração uma criança
viver num mundo sempre renascente
ser consciente desta vida instável
saber que em meio dos espaços infinitos
circula em mim uma porção de sangue quente
sentir em mim a marca da puerilidade vagabunda
familiar da morte em cada passo
E a mãe eterna de olhos de medusa
atravessava o país dos mortos
no canto alegre e grave dos seus passos
Olho a marcha da morte no teu rosto
um frémito ligeiro passa em tua pele
Vi sonhar a égua da infância
chegou enfim o tempo do adeus
Oiço a canção éfemera das coisas
despeço-me da terra da alegria
já reconheço a música da morte
Severos surdos saem os meus sons
destino humano instável enfim móvel
o seu pequeno pé o seu pescoço branco
reflexo de ouro tão propício ao sono
a música do outono e de abundância
o seu rosto real era recusa
Pelas alturas coloridas do outono canto
a canção inquieta do amor
cabeleira percursora do amor
amor misterioso e perigoso
nada mais do que triste triste apenas
ó mulher loura sorridentemente dou-te
um beijo alto como um sacramento
A despedida súbita do sol
despedida dos dias e estações
crepúsculo propício do adeus
a esta vida frágil é que aspiro
ave entregada ao decisivo voo
pensamentos de terna nostalgia
jardim de harmoniosos pensamentos
dou-te de toda a alma o nome da ausente
árvore em flor no bosque fonte no deserto.


Ruy Belo - Despeço-me da Terra da Alegria, Editorial Presença, pp. 26-31

Sunday, February 03, 2008

Dia -827

Intimidade

Quantas vezes (quantas?) nos vimos chorar?

Saturday, February 02, 2008

Dia -826

As palavras são importantes

Por exemplo cativar não poderia nunca ter sido traduzido por domesticar.
Mas foi. É continuamente.

Friday, February 01, 2008

Dia -825

Just In Time


Nina Simone or the best singer ever


Just in time you've found me just in time
Before you came my time was running low
I was lost the losing dice were tossed
My bridges all were crossed nowhere to go
Now you hear now I know just where I am going
No more doubt of fear I've found my way
For love came just in time you've found me just in time
And changed my lonely nights that lucky day
Just in time
Before you came my time was running low oh baby
I was lost the losing dice were tossed
My bridges all crossed nowhere to go
Now you hear now I know just where Im going
No more doubt of fear Ive found my way
For love came just in time you've found me just in time
And changed my lonely nights and changed my lonely nights
And changed my lonely nights and changed my lonely nights
And changed my lonely nights that lucky day

Thursday, January 31, 2008

Dia -824

Recados


I.
J. a resposta (à tua pergunta) é sim.
Mas vou continuar a dizer que não.
E entretanto
pode ser que alguém me dê uma paulada na cabeça.


II.

B. Obrigada.
Estava a precisar de conversar com alguém hoje.
Alguém que não me deprimisse, quer dizer.
Afinal, és o mesmo.
Ainda bem que voltaste.
Ou vieste por este bocadinho.
Ou lá o que for.
E fica combinado que se eu morrer primeiro
me enterras as cinzas aos pés daquele castanheiro
e ao mesmo tempo dizes aquele poema do Ruy Belo.

Wednesday, January 30, 2008

Dia -823

Que estranho lugar...

para se estar...
a cabeça de alguém.

Tuesday, January 29, 2008

Dia -822

Arrepio (iv)

Que importa que o coração,
Diga que sim ou que não,
Se continua a viver?


(Primavera,
David Mourão Ferreira)

Monday, January 28, 2008

Dia -821

Lisboa, a ponte, o Tejo e tudo



(fotografia de José Alberto Esteves, o meu primo)

e eu sempre pequena.

Sunday, January 27, 2008

Dia -819

Talvez eu seja, afinal, malgré tout, portuguesa...
(pelo menos de vez em quando)




Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.

Sophia de Mello Breyner Andresen - Quando
Canta Kátia Guerreiro. Canta tão bem.

Saturday, January 26, 2008

Dia -818

No meu mau italiano, eu podia dizer que...

forse la felicità potrebbe essere soltanto nella sensazione di cose che sentiamo.
Allora, Io sono felice perchè sento un sacco di cose. Di belle cose.
Forse sentire è sufficiente. Forse non si ha bisogno di pensare.
No lo so. E non voglio sapere.
:-)

Thursday, January 24, 2008

Dia -816

Massagem Doce

Ofereceram-me pelo meu aniversário uma massagem com envolvimento de chocolate.
Fui fazê-la hoje e nem sei se vos diga, se vos conte ou se guarde só para mim esta sensação de walking on clouds. Recomendo.
M a r a v i l h o s o.
Eu repito. M a r a v i l h o s o.
Cada vez me convenço mais que eu nasci para ser mimada. E rica. Já agora.

(Sim... há qualquer coisa que não bate certo neste meu fado, mas pronto em havendo amigas maravilhosas que nos oferecem coisas destas, a coisa vai)

Wednesday, January 23, 2008

Dia -815

How to break up with your girlfriend (or boyfriend) in 64 easy steps...



Mais Tales of Mere Existence, no You Tube

Tuesday, January 22, 2008

Dia -814

Arrepio (iii)

(...)
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti

Alexandre O'Neill (extracto do (magnífico) Um Adeus Português)

Sunday, January 20, 2008

Dia -812

Acho que

estou um bocadinho tramada...
pronto.

Friday, January 18, 2008

Dia -810

Não sei se repararam

Eu só reparei depois. Quase todos os tipos do dia -809 têm barba...
ou, pelo menos, a sugestão de...
Pois. Parece que eu tenho uma especial predilecção por tipos com barba.

Thursday, January 17, 2008

Dia -809

Se todos os homens à nossa volta fossem como o...*


Reynaldo Gianecchini

Mark Ruffalo

Ryan Gosling
Richard Gere Johnny Depp
Orlando Bloom
Jude LawPatrick Dempsey John Cusack
Matt Damon Leonardo DiCaprioEdward NortonJonathan Rhys-MeyersDaniel CraigColin FirthBrad Pitt

O mundo podia não ser um lugar melhor, mas seguramente era bastante mais bonito.
Sobretudo se todos os homens se parecessem com o tipo mais interessante do mundo
(em duplicado, por ser para mim)
Hugh Laurie


ou com o tipo (também) mais interessante do mundo
(em duplicado por ser para a minha amiga-irmã-praticamente-gêmea)
George Clooney


*fiz 41 anos, mas não estou morta, ora essa!

Tuesday, January 15, 2008

Dia -808

Pronto...
para os meus queridos (e dedicados) leitores
uma prenda de Ano Novo, em nome da igualdade & etc

Scarlett Johansson... or the sexiest girl in the world.

(are you happy now, Miguel?)

Monday, January 14, 2008

Dia -807

Uma prenda de Ano Novo (um bocadinho atrasada)
para todas as minhas (lindas) leitoras

What Else?

Saturday, January 12, 2008

Dia -805

Neste blog é permitido fumar*

*cigarros, cigarrilhas, charutos, charros, chinesas, barbas de milho, mata-ratos, whatever...

Mais se informa que a autora se recusa a cumprir as normas da ASAE. Nada de ventiladores, portanto.

Friday, January 11, 2008

Dia -804

E por vezes sorrimos ou choramos

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

Encontrei há pouco este poema numa antiga carta que a Teresa me escreveu.
A Teresa escreve-me sempre cartas.
Mesmo sendo sob a forma de email.
São cartas.
Daquelas que guardamos com dedicação.
Daquelas que esperamos com urgência.
E não sei por que razão
(a razão tem pouco a ver com estas coisas)
abri hoje de novo o enorme ficheiro que junta a nossa correspondência
e encontrei este poema.
Pareceu-me adequado ao que hoje sinto.
Pareceu-me que fala de espera.
De adiamentos.
E de urgências.
Mas talvez me tenha parecido tudo mal.
E não seja nada disto.

Thursday, January 10, 2008

Dia -803

A Fátima Mudou-se

Bom, não exactamente a Fátima, mas o seu F-World.
Como é um mundo único, continuem a visitá-lo

Wednesday, January 09, 2008

Dia -802

Confesso...

que gosto de todos os familiares, amigos colegas e alunos
(e até gosto de algumas instituições)
que se lembraram que envelheci um bocadinho mais...
mas de todos os emails, sms, telefonemas e mesmo alguns poemas que recebi,
nada me comoveu tanto como este postal dos meus (ex) alunos Paulo e Sara.
Obrigada. O privilégio foi sempre meu. Obviamente.

Tuesday, January 08, 2008

Dia -8/01

É dia 8/01* e este é o meu bilhete de identidade


Eu não sou portuguesa. Sou europeia.
Podia ser de qualquer parte, mas aconteceu ter nascido em Lisboa.
Que não é a cidade mais bonita do mundo.
Ou talvez seja.
Vivo em Aveiro há muitos anos, numa rua que é não é minha
mas da senhora da alegria.
E isto é tão bonito como, ao fundo, a ria.
Trabalho na Universidade mais dinâmica do país.
Na mais bonita também.
E tenho orgulho.
Naturalmente.
Aparte isto tenho alguns gostos e outros tantos não-gostos.
E todos os sonhos do mundo**.
E a convicção de que o que é preciso é dar lugar aos pássaros nas ruas da cidade**.
Gosto do Inverno.
De castanheiros.
De gatos.
De um lugar chamado Cova da Lua, em Montesinho.
De mais uns quantos lugares do mundo que conheço
e de algumas pessoas que nunca chegarei a conhecer completamente.
Gosto de honestidade.
De literatura.
De jazz.
De poesia.
De certas palavras
e de algumas línguas.
De ensinar.
De aprender.
Gosto de fazer peoplespotting.
De cinema.
De pintura.
De política.
Da inteligência.
Do riso.
E da beleza que vai, um dia, dominar tudo.

Não gosto da estupidez.
Da fraca memória.
Da intolerância.
Não gosto das segundas intenções
e do pó nas entrelinhas.
Não gosto de quem não se ri de si mesmo.
Dos espaços desordenados.
Da literatura light.
Não gosto da caridadezinha.
Da música pimba.
Da violência.
De quem diz que não tem tempo
para ver um pôr-do-sol ou olhar para as estrelas.
Não gosto da crueldade.
Da pressa.
E da maior parte dos políticos portugueses.

Poderia ter sido outra pessoa.
Com outros gostos e não gostos.
Ainda poderei ser outra pessoa.

Mas hoje sou isto.
Tenho fotografias melhores.
Mas menos verdadeiras.
Tenho 41 anos.
Aconteceu-me uma vez uma grande dor.
Nos outros dias bastou-me ouvir o vento.


* foi coincidência o post ser no dia -801.
** frases, respectivamente de Álvaro de Campos e de Ruy Belo

Sunday, January 06, 2008

Dia -799

Oggi vorrei darti solamente di cose belli

«Como se não tivesse substância e de membros apagados.

Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.

E germinar no sono, germinar na árvore.

Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa.

Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.

No encontro e no abandono, na última nudez,

respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.

Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível.

E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila

e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.

Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.»

António Ramos Rosa - Nascimento Último

Friday, January 04, 2008

Dia -797

Grandes são os Desertos e tudo é Deserto

Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.

Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,

Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.
Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.

Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.

Mas tenho que arrumar mala,
Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.

Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.

Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.

Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.

Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!

Mais vale arrumar a mala.
Fim.

Álvaro de Campos

Thursday, January 03, 2008

Dia -796

Moi non plus

«Je n'ai pas besoin de lumière pour voir la couleur de mes idées»

Emile Zola - Germinal

En fait, c'est pour ça, par l'obscurité que permet les idées lumineuses, que j'aime la nuit.

Wednesday, January 02, 2008

Dia -795

Continuarei Fumando

"(...) Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los

E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.

Sigo o fumo como uma rota própria,

E gozo, num momento sensitivo e competente,

A libertação de todas as especulações

E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira

E continuo fumando.

Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando (...)"


Álvaro de Campos - Tabacaria

Tuesday, January 01, 2008

Dia -794

O Primeiro Dia do Ano e

não sei porquê, mas só me apetece ser lamechas.

Sunday, December 30, 2007

Dia -792

Anti-Balanço

Sinceramente. Acho disparatado. Fazer balanços.
Quer dizer... para que serve exactamente um balanço?
Aconteceram imensas coisas em 2007.
A mim. Na minha rua. No meu país e no mundo.
Pronto.
Não acontecem sempre imensas coisas em 365 dias?
Dos últimos 364 dias houve dois especialmente bonitos.
Os dias em que duas pessoas entraram na minha vida.
Ambas com a mesma força, deslumbramento e entusiasmo com que,
em crianças, fazemos amigos.
Bom Ano!

Friday, December 28, 2007

Dia -790

Ora aqui está!

"Não tenho culpa de ter nascido em Portugal, e exijo uma pátria que me mereça"

Almada Negreiros (citação do poeta/escritor/pintor e tudo... do Público de ontem... uma citação que eu lamentavelmente desconhecia)

Sunday, December 23, 2007

Dia -785

La La La La
La La La
La La La La
La La
La La La La


Ella Fitzgerald - Jingle Bells

Saturday, December 22, 2007

Dia -784

All I Want For Christmas...

Brook Benton - All I Want For Christmas

Thursday, December 20, 2007

Dia -782

Boas Festas

Bom Natal

E que 2008 seja um ano cheio.

De sucessos pessoais e profissionais.

De paz.

De alegria.

De bom humor.

E da beleza que ainda anda pelo mundo.


Joan Miró - Estrella Azul

Wednesday, December 19, 2007

Wednesday, December 12, 2007

Dia -774

Terceira

Fotografia roubada aqui

Desta vez não vou sair de Angra do Heroísmo.

O tempo vai estar chuvoso.

Mas isso também não é exactamente uma novidade.

O Angra Jazz já foi há uns meses.

O que é pena.

Mas dar umas aulas num sítio chamado Pico da Urze é poético.

E assenta-me bem.

Tuesday, December 11, 2007

Dia -773

É Natal, É Natal,
la la la la

Agora que já comprei as minhas prendas quase (quase) todas,
que já escrevi os meus cartões de natal quase (quase) todos...
já posso respirar de alívio e trautear um standard como o que aqui interpreta Diana Krall
- Have Yourself a Merry Little Christmas.

Monday, December 10, 2007

Dia -772

Eu nunca me calo

ou seja, raramente
( a não ser quando estou sozinha o que até acontece muitas vezes)
estamos em silêncio.
Que pensarás tu de mim?

Friday, December 07, 2007

Dia -769

Sim, é este mesmo o Fado mais bonito de sempre*



*Obrigada sem.se.ver pelo link. Canta 'a capela' Ana Laíns

Wednesday, December 05, 2007

Dia -767

Este é o Fado mais bonito de sempre




(Kátia Guerreiro - numa versão incompleta e roufenha. Muito roufenha.
Apesar de ter sido mandatária do nosso PR a moça tem uma belíssima voz)


Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

(Alexandre O'Neill)



Tuesday, December 04, 2007

Dia -766

O Roberto Begnini canta muito mal*...


mas a letra desta música é tão bonita... não é?

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Se tu mi avessi chiesto: "Come stai

se tu mi avessi chiesto dove andiamo

t'avrei risposto "bene, certo sai"

ti parlo però senza fiato

mi perdo nel tuo sguardo colossale,

la stella polare sei tu mi sfiori e ridi no, cosi non vale

non parlo e se non parlo poi sto male

Quanto t'ho amato e quanto t'amo non lo sai

e non lo sai perchè non te l'ho detto mai

anche se resto in silenzio, tu lo capisci da te

Quanto t'ho amato e quanto t'amo non lo sai

non l'ho mai detto e non te lo dirò mai

nell'amor le parole non contano conta la musica.

Se tu mi avessi chiesto: "Che si fa?"

se tu mi avessi chiesto dove andiamo

t'avrei risposto dove il vento va

le nuvole fanno un ricamo

mi piove sulla testa un temporale

il cielo nascosto sei tu ma poi svanisce in mezzo alle parole

per questo io non parlo e poi sto male

Quanto t'ho amato e quanto t'amo non lo sai

e non lo sai perchè non te l'ho detto mai

anche se resto in silenzio, tu lo capisci da te

Quanto t'ho amato e quanto t'amo non lo sai

non l'ho mai detto e non te lo dirò mai

nell'amor le parole non contano conta la musica.

Quanto t'ho amato e quanto t'amo non lo sai

non l'ho mai detto ma un giorno capirai

nell'amor le parole non contano conta la musica

(Roberto Benigni )

* A Amalia Grè canta isto bastante melhor...

Monday, December 03, 2007

Dia -765

Digestão Difícil

Ainda me encontro a digerir o indescritível concerto de Vinicio Capossela.
Aquilo deve ser uma cena alternativa qualquer que me escapa completamente.
Mas foi penoso.
Hesitei o concerto todo entre o riso nervoso escondido pelo cachecol e o queixo caído de espanto.
Confesso que ainda estou hesitante.
Mas devo ser eu que não tenho capacidade para entender estas cenas alternativas.
De certeza.