cartoon da incomparável Maitena, da série Superadas
Wednesday, October 31, 2007
Tuesday, October 30, 2007
Dia -734
Outono
Uma lâmina de ar
atravessando as portas. Um arco,
uma flecha cravada no Outono. E a canção
que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
quando saio para a rua, molhado como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede
cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
como se, de repente, não houvesse mais nada senão
a imperiosa ordem de (se) amarem.
Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
que a minha boca recusa. É outono.
A pouco e pouco despem-se as palavras.
(Joaquim Pessoa)
Sempre gostei deste poema e quando chega o Outono lembro-me sempre de como gosto dele.
Das palavras que se despem, como as árvores.
Das mulheres de botas que nos atravessam a tristeza.
Da ordem imperiosa para o amor.
Da desmedida ternura pelas palavras.
Dos nomes que não há para certas ausências.
Monday, October 29, 2007
Dia -733
Imagens
No espaço de uma semana, duas pessoas completamente diferentes, por razões radicalmente diversas disseram-me
"nunca me esqueci daquilo que disseste há 3 ou 4 anos atrás".
Num dos casos, o assunto era pessoal. No outro era profissional.
Mas estou um bocadinho preocupada.
Tanto mais que uma terceira pessoa teve a delicadeza de me escrever hoje a dizer
"tu pareces capaz de fazer sobressair o melhor que há nas pessoas".
Estou mesmo um bocadinho preocupada.
Nenhuma destas imagens que de mim têm estas
(e eventualmente outras) pessoas,
apesar de simpáticas e delicadas,
corresponde àquilo que sou.
Não sou sábia.
Não digo coisas de que as pessoas se recordem durante tanto tempo.
Coisas que sejam úteis e importantes.
Não sei fazer sobressair as qualidades dos outros.
E, confesso, disto tenho pena.
Assim como lamento que estas imagens que me favorecem tanto, não sejam verdade.
Sunday, October 28, 2007
Dia -732
Uma hora a mais
Gosto desta mudança da hora.
Gosto mesmo.
E às seis da tarde já estava tão escuro...
está a chegar o Inverno.
Yuuuupiiii!
Gosto desta mudança da hora.
Gosto mesmo.
E às seis da tarde já estava tão escuro...
está a chegar o Inverno.
Yuuuupiiii!
Saturday, October 27, 2007
Dia -731
Estes miúdos tão simpáticos
foram os meus alunos todos os dias desta semana.
Na I Parte da disciplina de Research Methods II.
Gostei muito de conhecer todos eles.
Além de simpáticos, foram atentos, tolerantes, interessados e divertidos.
Thursday, October 25, 2007
Dia -729
Volver*
Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida...
Tengo miedo de la noche
que poblada de recuerdos
encadena mi soñar...
Hay cosas que sólo suenan bien en castellano.
Hoy este blog celebra dos años.
Aquí me encuentro con todos mis días pasados.
Quizás el pasado no sea importante.
Pero... mirar a esos días es como volver.
Volver al pueblo.
A los pequeños lugares donde hemos nacido.
Nacemos casi todos los días
(nos quedamos muertos, en todos los otros)
aunque no nos demos cuenta.
Pero a veces tenemos que volver.
A los días pasados.
A esos días mismos
en que hemos nacido.
Una y otra vez.
Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida...
Tengo miedo de la noche
que poblada de recuerdos
encadena mi soñar...
Hay cosas que sólo suenan bien en castellano.
Hoy este blog celebra dos años.
Aquí me encuentro con todos mis días pasados.
Quizás el pasado no sea importante.
Pero... mirar a esos días es como volver.
Volver al pueblo.
A los pequeños lugares donde hemos nacido.
Nacemos casi todos los días
(nos quedamos muertos, en todos los otros)
aunque no nos demos cuenta.
Pero a veces tenemos que volver.
A los días pasados.
A esos días mismos
en que hemos nacido.
Una y otra vez.
*A música original é de Carlos Gardel. A letra de Alfredo le Pera. Quem aqui canta é Estrella Morente. Pedro Almodovar usou esta música no filme exactamente chamado Volver. Fica aqui também uma versão de Astor Piazzola.
Tudo isto vem a propósito do facto de o blog que conta os dias a menos fazer hoje dois anos.
Wednesday, October 24, 2007
Tuesday, October 23, 2007
Dia -727
Ficções
Às vezes não sabemos se as pessoas
que conhecemos e de quem gostamos
são ainda as mesmas.
Mas
às vezes, aquilo que sabemos sobre alguém
é o bastante,
mesmo que seja já pouco
ou mesmo que seja já diferente.
Monday, October 22, 2007
Dia -726
As Mãos, os Dedos
Há gestos
como passares muito devagar
a ponta dos teus dedos
na minha cara demasiado branca
que me fazem querer ficar
para sempre
com as tuas mãos
marcadas
Gestos como o abraço
à porta da casa
que me fazem querer
para sempre
os teus dedos
como gritos de silêncio
apertados contra
as minhas costas cansadas
do peso das coisas
que nunca foram feitas
Há gestos
que se fazem
com as mãos abertas
ou só com ponta dos dedos
exaustos
os teus dedos
exaustos
onde se concentra toda a gravidade
das coisas belas
que me impedem de morrer
Gestos
como acordar de repente
no meio de uma áspera madrugada
tacteando
com os dedos sonolentos
a mesa de cabeceira
para encontrar
uma palavra cheia
cheia
como as tuas mãos
no meu rosto
lentamente
Há gestos
como passares muito devagar
a ponta dos teus dedos
na minha cara demasiado branca
que me fazem querer ficar
para sempre
com as tuas mãos
marcadas
Gestos como o abraço
à porta da casa
que me fazem querer
para sempre
os teus dedos
como gritos de silêncio
apertados contra
as minhas costas cansadas
do peso das coisas
que nunca foram feitas
Há gestos
que se fazem
com as mãos abertas
ou só com ponta dos dedos
exaustos
os teus dedos
exaustos
onde se concentra toda a gravidade
das coisas belas
que me impedem de morrer
Gestos
como acordar de repente
no meio de uma áspera madrugada
tacteando
com os dedos sonolentos
a mesa de cabeceira
para encontrar
uma palavra cheia
cheia
como as tuas mãos
no meu rosto
lentamente
Sunday, October 21, 2007
Saturday, October 20, 2007
Momento de Intervalo...
... para responder
a esta corrente que a Rosário do Divas&Contrabaixos me lançou:
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.
Ora então, eu tenho uns 10 ou 12 livros em cima da mesa de cabeceira. No trabalho tenho mais uns 10 ou 12 livros em cima da secretária. Mas pego num dos da mesa de cabeceira e aqui vai:
1. Bill Bryson - Na Terra dos Cangurus, Lisboa: Quetzal Editores (edição portuguesa de 2003)
2. Ok
3. Ok
4.O problema de Adelaide, ao que parece, é geográfico. A cidade situa-se na orla errada da Austrália civilizada, longe dos vitais mercados asiáticos e sem nada adjacente a não ser uma grande quantidade de nada. Para norte e para oeste ficam uns milhões de quilómetros quadrados de deserto queimado; para sul, nada a não ser o mar aberto até à Antárctida. Só para leste existem algumas cidades, mas até mesmo Melbourne fica a 720 quilómetros de distância e Sydney quase a 1600.
5. De facto, creio que não escolhi. A melhor frase. Ou sequer o melhor livro do Bill Bryson. Que isso do melhor livro entre todos os livros que já li e hei-de ler, seria uma tarefa difícil, para não dizer impossível. Gostava de conhecer a Austrália. A seu tempo lá irei, suponho.
6. Esta parte é a mais difícil. As pessoas cujos blogs gosto de ler não gostam muito de correntes (destas, pelo menos). Ainda assim passo esta corrente à Fátima, porque tem bom gosto e não lê os dicionários de Desordens Mentais; ao Luís (que vai protestar imenso e, provavelmente, não responderá); ao Bagaço Amarelo (que não vai compreender possivelmente, dado que a corrente lhe é lançada por uma mulher); ao Joaquim (porque poderíamos ter uma conversa como esta na esplanada mais bonita de Lisboa) e ao Bruno (porque provavelmente me responderá com uma frase do Murakami. Ou do Beck, noutro registo).
E lamento estar a ler uma coisa tão pouco poética, pour l'instant.
a esta corrente que a Rosário do Divas&Contrabaixos me lançou:
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.
Ora então, eu tenho uns 10 ou 12 livros em cima da mesa de cabeceira. No trabalho tenho mais uns 10 ou 12 livros em cima da secretária. Mas pego num dos da mesa de cabeceira e aqui vai:
1. Bill Bryson - Na Terra dos Cangurus, Lisboa: Quetzal Editores (edição portuguesa de 2003)
2. Ok
3. Ok
4.O problema de Adelaide, ao que parece, é geográfico. A cidade situa-se na orla errada da Austrália civilizada, longe dos vitais mercados asiáticos e sem nada adjacente a não ser uma grande quantidade de nada. Para norte e para oeste ficam uns milhões de quilómetros quadrados de deserto queimado; para sul, nada a não ser o mar aberto até à Antárctida. Só para leste existem algumas cidades, mas até mesmo Melbourne fica a 720 quilómetros de distância e Sydney quase a 1600.
5. De facto, creio que não escolhi. A melhor frase. Ou sequer o melhor livro do Bill Bryson. Que isso do melhor livro entre todos os livros que já li e hei-de ler, seria uma tarefa difícil, para não dizer impossível. Gostava de conhecer a Austrália. A seu tempo lá irei, suponho.
6. Esta parte é a mais difícil. As pessoas cujos blogs gosto de ler não gostam muito de correntes (destas, pelo menos). Ainda assim passo esta corrente à Fátima, porque tem bom gosto e não lê os dicionários de Desordens Mentais; ao Luís (que vai protestar imenso e, provavelmente, não responderá); ao Bagaço Amarelo (que não vai compreender possivelmente, dado que a corrente lhe é lançada por uma mulher); ao Joaquim (porque poderíamos ter uma conversa como esta na esplanada mais bonita de Lisboa) e ao Bruno (porque provavelmente me responderá com uma frase do Murakami. Ou do Beck, noutro registo).
E lamento estar a ler uma coisa tão pouco poética, pour l'instant.
Dia -724
Tantas, muitas, demasiadas vezes
as palavras que espero
são ditas.
Os gestos que inventei
são feitos.
Os olhares que procurei
existem.
Mas a boca, os dedos, os olhos
não são os certos.
Ou talvez seja só o tempo.
Tenho pensado,
quando ainda me ocupo de pensar,
que sou eu
a desarrumada.
Que tudo o resto está certo.
Quando acontece.
Está tudo certo.
É tudo verdade.
Menos eu.
as palavras que espero
são ditas.
Os gestos que inventei
são feitos.
Os olhares que procurei
existem.
Mas a boca, os dedos, os olhos
não são os certos.
Ou talvez seja só o tempo.
Tenho pensado,
quando ainda me ocupo de pensar,
que sou eu
a desarrumada.
Que tudo o resto está certo.
Quando acontece.
Está tudo certo.
É tudo verdade.
Menos eu.
Friday, October 19, 2007
Dia -723
A Minha Esquizofrenia Explicada pela Fátima*
Os blogs de Elisa são muitos para uma pessoa só, estou a falar de mim.
Num deles faz uma contagem decrescente ou crescente,
nem vou verificar porque me pareceu inquietante.
*Ela, por ser delicada, não lhe chama assim.
E sim, é melhor não verificar se a contagem é crescente ou decrescente porque até a mim me inquieta.
Os blogs de Elisa são muitos para uma pessoa só, estou a falar de mim.
Num deles faz uma contagem decrescente ou crescente,
nem vou verificar porque me pareceu inquietante.
*Ela, por ser delicada, não lhe chama assim.
E sim, é melhor não verificar se a contagem é crescente ou decrescente porque até a mim me inquieta.
Thursday, October 18, 2007
Wednesday, October 17, 2007
Dia -721
How to Cope With Depression*
*Da série disponível no You Tube: Tales of Mere Existence (thanks Kika)
*Da série disponível no You Tube: Tales of Mere Existence (thanks Kika)
Tuesday, October 16, 2007
Dia -720
Biografia*
procurei-te na luz, no mar, no vento.
*extracto do pequenino poema Biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen
procurei-te na luz, no mar, no vento.
*extracto do pequenino poema Biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen
Monday, October 15, 2007
Sunday, October 14, 2007
Dia -718
Dizes-me que me deite, que adormeça com um poema
Os anjos que conheço são de erva e de silêncio.
António Ramos Rosa
Saturday, October 13, 2007
Dia -717
Tenho tantas saudades tuas, tantas saudades tuas, tantas saudades tuas... *
Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum
Eugénio de Andrade
*tenho. este não é o nome do poema. são mesmo só saudades tuas.
da terra limpa do teu rosto.
Friday, October 12, 2007
Dia -716
Sexta-feira à noite
"Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.”
Marina Colasanti
Obrigada, João.
"Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.”
Marina Colasanti
Obrigada, João.
Thursday, October 11, 2007
Dia -715
Comprei este livro, com fotografias e textos tão bonitos sobre um dos meus heróis (imperfeito, como todos) de uma editora magnífica (a tinta-da-china). Sim. Além do conteúdo eu gosto que os livros sejam bonitos. A Quetzal tinha umas edições tão bonitas há uns anos. Agora nem por isso. Por exemplo.
Estreou hoje The Inner Life of Martin Frost, de Paul Auster. E folgo em anunciar que a Norte do país o filme está no Medeia-Cidade do Porto e (pasme-se) no Fórum Aveiro. Viva!
Gosto muito do Paul Auster, o escritor que de vez em quando faz filmes*. Amanhã vou ver. Deviam fazer o mesmo, num cinema perto de vós.
*Realizou Lulu on The Bridge, Blue in the Face e Smoke (todos altamente recomendáveis). Escreveu muitos livros. Os meus preferidos são A Música do Acaso, A Solidão Reinventada e A Trilogia de Nova Iorque.
Wednesday, October 10, 2007
Dia -714
Voilá!
Há muitos anos que vou sozinha ao cinema e ao teatro. E gosto. As companhias interrompem o sossego. Estragam tudo. Uma pessoa sai do lusco-fusco da sala, de olhitos piscos, e leva logo com uma bateria de perguntas parvas. As companhias, em regra, dão muitas gargalhadinhas. Parecem galinhas cacarejando furiosamente. Têm necessidade de acabar com a ficção. Querem a realidade de volta. Custa-lhes o silêncio. Eu gosto do silêncio.
(Ana de Amsterdam)
Alguém, enfim, me compreende.
Alguém que deve fazer uma expressão semelhante à minha
se, por acaso, tem a (in)felicidade de encontrar um conhecido,
à saída do cinema, do teatro, do concerto,
que pergunta, com ar incrédulo: então? vieste sozinha?
Há muitos anos que vou sozinha ao cinema e ao teatro. E gosto. As companhias interrompem o sossego. Estragam tudo. Uma pessoa sai do lusco-fusco da sala, de olhitos piscos, e leva logo com uma bateria de perguntas parvas. As companhias, em regra, dão muitas gargalhadinhas. Parecem galinhas cacarejando furiosamente. Têm necessidade de acabar com a ficção. Querem a realidade de volta. Custa-lhes o silêncio. Eu gosto do silêncio.
(Ana de Amsterdam)
Alguém, enfim, me compreende.
Alguém que deve fazer uma expressão semelhante à minha
se, por acaso, tem a (in)felicidade de encontrar um conhecido,
à saída do cinema, do teatro, do concerto,
que pergunta, com ar incrédulo: então? vieste sozinha?
Tuesday, October 09, 2007
Dia -713
Silenzio
alguém que começo a conhecer
(de certeza: não existe)
alguém a quem me liga mais do que supus
(eu digo: não suponho)
por exemplo
a dor
a morte
o riso
(um dia: o esquecimento)
fala
(me)
assim
do silêncio
Eppure io credo se chi fosse un po' più di silenzio,
se tutti facessimo un po' di silenzio, forse qualcosa potremmo capire *
sim
se
(ao menos)
pudéssemos fazer um pouco mais de silêncio
(todos nós)
compreenderíamos
(certamente)
qualquer coisa nova
ou diferente
mas não
fizemos deste ruído
(dentro)
o nosso hábito
e não compreendemos
(quase)
nunca
nada
*fala de La vocce della luna, o último filme de Frederico Fellini.
E, no entanto, eu acredito que se houvesse um pouco mais de silêncio, se todos fizéssemos um pouco de silêncio, talvez pudéssemos compreender alguma coisa
alguém que começo a conhecer
(de certeza: não existe)
alguém a quem me liga mais do que supus
(eu digo: não suponho)
por exemplo
a dor
a morte
o riso
(um dia: o esquecimento)
fala
(me)
assim
do silêncio
Eppure io credo se chi fosse un po' più di silenzio,
se tutti facessimo un po' di silenzio, forse qualcosa potremmo capire *
sim
se
(ao menos)
pudéssemos fazer um pouco mais de silêncio
(todos nós)
compreenderíamos
(certamente)
qualquer coisa nova
ou diferente
mas não
fizemos deste ruído
(dentro)
o nosso hábito
e não compreendemos
(quase)
nunca
nada
*fala de La vocce della luna, o último filme de Frederico Fellini.
E, no entanto, eu acredito que se houvesse um pouco mais de silêncio, se todos fizéssemos um pouco de silêncio, talvez pudéssemos compreender alguma coisa
Monday, October 08, 2007
Dia -712
Eu penso que já tinha dito,
mas, pelo sim pelo não, digo outra vez:
odeio comédias românticas*!
*bolas, que xaropada. E nada daquilo acontece na vida das pessoas mais ou menos normais... isto vem a propósito de ter ido ver uma comédia romântica: No Reservation (de Scott Hicks). Claro que saí de lá a lamentar que na minha vida não apareça um cozinheiro tão simpático e amoroso e romântico como o Aaron Eckhart. Bom, sim, claro... têm razão... eu também não sou a Catherine Zeta-Jones.
Pois. Deve ser isso. Bah.
mas, pelo sim pelo não, digo outra vez:
odeio comédias românticas*!
*bolas, que xaropada. E nada daquilo acontece na vida das pessoas mais ou menos normais... isto vem a propósito de ter ido ver uma comédia romântica: No Reservation (de Scott Hicks). Claro que saí de lá a lamentar que na minha vida não apareça um cozinheiro tão simpático e amoroso e romântico como o Aaron Eckhart. Bom, sim, claro... têm razão... eu também não sou a Catherine Zeta-Jones.
Pois. Deve ser isso. Bah.
Sunday, October 07, 2007
Dia -711
Género Hilariante-Repugnante
O lado mais sangrento de Grindhouse*. Delirante.
Os diálogos são ainda mais geniais que em Death Proof.
A banda sonora é que nem por isso...
* Grindhouse é o projecto duplo de Quentin Tarantino (Death Proof) e Robert Rodriguez (Planet Terror). Grind-House Theaters eram (são?) salas de cinema típicas das cidades do interior dos EUA (entre os anos 50 a 80) com sessões contínuas de filmes, geralmente de baixo orçamento, extremamente violentos ou de natureza marcadamente sexual (ou, ainda melhor, uma mistura de ambos).
O lado mais sangrento de Grindhouse*. Delirante.
Os diálogos são ainda mais geniais que em Death Proof.
A banda sonora é que nem por isso...
* Grindhouse é o projecto duplo de Quentin Tarantino (Death Proof) e Robert Rodriguez (Planet Terror). Grind-House Theaters eram (são?) salas de cinema típicas das cidades do interior dos EUA (entre os anos 50 a 80) com sessões contínuas de filmes, geralmente de baixo orçamento, extremamente violentos ou de natureza marcadamente sexual (ou, ainda melhor, uma mistura de ambos).
Saturday, October 06, 2007
Dia -710
Gosto Disto
Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Diz-me diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Clã - Tira a teima
Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Diz-me diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Clã - Tira a teima
Friday, October 05, 2007
Dia -709
A República
está velha, coitadinha.
Faz 97 anos.
Felicitaciones!
Antes uma República velha
que uma nova monarquia!
está velha, coitadinha.
Faz 97 anos.
Felicitaciones!
Antes uma República velha
que uma nova monarquia!
Thursday, October 04, 2007
Dia -708
Meditativos Comboios
O Antonio escreveu-me a contar que atravessou a Hungria, passou pela Croácia, pela Eslovénia até que finalmente chegou a Itália, num comboio de meditação. Ou num meditativo comboio.
Eu, que também gosto de comboios, fiquei absolutamente rendida a esta imagem.
Já tinha os pensativos cigarros. Faltavam-me os meditativos comboios.
O Antonio escreveu-me a contar que atravessou a Hungria, passou pela Croácia, pela Eslovénia até que finalmente chegou a Itália, num comboio de meditação. Ou num meditativo comboio.
Eu, que também gosto de comboios, fiquei absolutamente rendida a esta imagem.
Já tinha os pensativos cigarros. Faltavam-me os meditativos comboios.
Wednesday, October 03, 2007
Dia -707
Je ne le dirais pas mieux*
Não viver em Portugal tem a incontornável vantagem de não viver em Portugal
Em Portugal não se passa nada que me interesse. Aparentemente nada em Portugal me interessa se descontar a língua, a família e poucas pessoas que ora vejo, ora deixo de ver.
*mas sem o mesmo belíssimo grafismo e a apurada banda sonora, claro!
Cliquem nas frases, por favor.
Também no Peão
Não viver em Portugal tem a incontornável vantagem de não viver em Portugal
Em Portugal não se passa nada que me interesse. Aparentemente nada em Portugal me interessa se descontar a língua, a família e poucas pessoas que ora vejo, ora deixo de ver.
*mas sem o mesmo belíssimo grafismo e a apurada banda sonora, claro!
Cliquem nas frases, por favor.
Também no Peão
Tuesday, October 02, 2007
Dia -706
Coisas de Nada (II)
Ao almoço, pergunta-me:
- may I seat here?
- of course not!
- In that case... diz, afastando-se com o prato
- ehi! I was joking... sorry... you don't know me very well... sorry...
- I know you enough to want to keep in touch with you.
- :-)
Monday, October 01, 2007
Dia -705
Coisas de Nada (I)
Uma senhora espanhola, aí dos seus cinquenta anos,
que acompanhava um dos congressistas, pergunta-me:
- já acabou os seus estudos foi?
- ??? Como??
- Se ainda está a estudar ou se já acabou os seus estudos...
- ??? hum? Bom... já acabei há muitos anos...
- ???
- Eu já não sou uma miúda, sabe?
- Ora, não pode ter mais de 30 anos!
- :-) Já me fez ganhar o dia. Muchas Gracias.
A conversa foi em bom (mau) portunhol, que me abstenho de aqui reproduzir.
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