A Árvore
Estava a dar a aula.
Uma aula bastante expositiva.
a exlusão social isto e aquilo. e a exclusão territorial assim. e a segregação espacial assado.
e os territórios rurais assim. e os territórios urbanos assado. e a diversidade. e isto. e aquilo.
E de repente calei-me.
Parei completamente.
Quando ouvi o silêncio.
O silêncio espantado dos alunos.
É que percebi que me tinha calado.
Que me tinha distraído sem me aperceber.
A olhar para a árvore ao fundo, além da janela.
Uma magnífica árvore.
Com as folhas carregadas de todos os tons do outono.
Quando expliquei isto aos alunos.
Olharam para mim como se não me conhecessem.
Apenas um, mais afoito, perguntou:
temos de saber isso para o teste, professora?
16 comments:
uma vez, em Vila Nova de Cerveira, extasiei-me a olhar as árvores de uma das avenidas. cada uma delas com folhas de diversos tons. decorria uma das bienais, razão pela qual me encontrava lá. confesso que aquelas árvores foram a mais bonita e extravagante exposição natural que vi nesse ano. obrigada, Elisa, por me teres feito "repescar" esse pedaço de memória tão extraordinário. beijos.
Quite nice indeed!!!! :D
Bem, não há Gnomos nessa turma, que à sombra dos amieiros preguiçam o dia inteiro! ;)
É um teste de fare niente...
Rui leprechaun
(...ma vivere pienamente ! :))
1. já te disse que gosto de ti?
2. já sabes que querem deitar abaixo a árvore da anne frank?
Lou
partilhamos então o mesmo gosto pelas árvores. Se bem que eu deva confessar a minha particular adoração pelos castanheiros.
Ps. nenhum dos alunos me fez a pergunta com que acabo o post, naturalmente. O resto é verdade.
gnomos deve haver muitos. E desses preguiçosos também. Mas às árvores preferirão outras não-ocupações, certamente.
sem-se-ver
1. :-))) obrigada. The feeling is mutual.
2. e sim, parece que a árvore (é um castanheiro? Não me recordo) vai mesmo abaixo porque está doente e coloca em risco alguns edifícios da envolvente.
Coisas da vida e da morte. Das árvores e das pessoas. E de símbolos e referências.
a minha árvore preferida é o embomdeiro. é tão grande, tão forte, com raízes tão profundas e, ao mesmo tempo, expostas. dá-me a sensação de segurança. e de eternedidade também. não para mim, mas a certeza de que ao nascer ela já existia e, quando eu partir, ali continuará. assim não sofremos a perda, entendes? é uma memória de infância guardada com todo o carinho. referências que nos estruturam... :-)
Lou
o embondeiro! A mim só me vem à cabeça o Asteroide B612, a morada do Pequeno Princípe... e a necessidade que ele tinha de, todas as manhãs, arrancar os pés de embondeiros para os impedir de destruir o seu magnífico asteroide de onde era possível, mexendo um pouco a cadeira, observar num mesmo dia 1240 pores do sol. :-)
Mas compreendo o que dizes. As árvores ensinam-nos uma grande lição de humildade e mostram-nos a nossa pequenez perante a maior parte das outras espécies vivas do planeta.
Eu tenho uma ideia há muitos anos que envolve castanheiros... pelo menos um. Mais tarde escreverei um post sobre isso.
Eu respondia-lhe:
"Tens. Tens de saber isto para o teste. Não o precisas explicar. Basta saber. Sentir. Depois... talvez consigas «passar»."
Mas uma vez que nem sequer perguntaram...
:-) Paulo
Não perguntaram aquilo, não.
Só ficaram muito espantados quando eu lhes expliquei que me tinha distraído a olhar para a árvore, porque tinha umas cores tãoooo bonitas.
(sim, é um castanheiro)
sem-se-ver ainda em Agosto vi esse castanheiro. Mas estive a pesquisar e parece que vão colocar um outro, saudável em seu lugar. C'est pas la même chose, quand même. Mais c'est quelque chose.
et maintenant, sur aimer les baobabs ou les châtaigniers, j’ai envie de te dire comme le renard du petit prince: «On voit sur la Terre toutes sortes de choses…» :-)
Ou como a Mafalda: «há de tudo, neste supermercado de Deus». Pois há! E como suspeito que também és pela diversidade, ainda bem, não é?
sim. pela diversidade. pela liberdade de escolha. pelo direito de se ser. como se é.
http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr133/castanha1.html
ou
http://amador.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_05.html
abreijos
Olha que bom, Lou um site só dedicado a castanheiros :-) obrigada. E que os há com mais de 700 anos. Conheço um numa aldeia de Montesinho com quase mil anos. :-)
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