O Telefonema
Estou. Sim, sou eu. Sim. Não tenho muito tempo. Estou num táxi. Não posso falar agora. Pois. Não. Não te amo. Disse? Pois. Mas não. Foi só uma atracção. Estas coisas acontecem. Sim. O quê? Acreditaste? Pois. Não quero saber que estejas mal. Vai falar disso com outra pessoa. Comigo não. Não, não acho que seja responsável pelo que estás a sentir. As minhas coisas? Fica com elas. O quê? Oh pá, não quero saber delas. Deita-as fora, faz o que quiseres. Sim. Não posso falar agora. Vou jantar. Com quem? Sozinho. Sim. Não gosto de ti, não. Mas podemos ser amigos. Sim, amigos, que é que foi? Não? Pois. Está bem. Se não queres, está bem. Não quero ver-te, não. Não quero falar contigo, não. Oh pá, vou desligar. Deixa-me em paz, sim? Se te disse que te amava enganei-me, queres que faça o quê? Foi uma atracção, já te disse. Vou desligar. Olha que eu desligo! Queres o quê? Não, já te disse que não te quero ver mais, nem falar contigo. Deixa-me desligar, anda lá. Esses jogos não. Não estou com paciência para jogos desses. Amas-me? Que queres que faça? A semana passada eu disse isso? Enganei-me. Anda, vai falar disso com outra pessoa. Já te disse que não. Não. A Paris? Se ainda vamos a Paris? Nunca se sabe o dia de amanhã. O quê? Pois. Não sei. Agora não posso falar. Já cheguei. Vou jantar. Já te disse, sozinho. Vou jantar sozinho. Vou desligar, agora. Vou desligar.
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