Thursday, September 20, 2007

Dia -694

Estava Aqui a Pensar que Talvez...

as pessoas se preocupem demais com o amor*.
Tenho a certeza que as pessoas se preocupam demais com o amor.
Depois de uma ronda pelos blogs dos outros isso é claro. Isso, ou seja
essa excessiva crença no amor como aquilo que poderá salvar-nos.
De que o amor É...
Ora eu estava aqui a pensar que...
já senti a extrema alegria de me apaixonar (muitas vezes)**.
Já senti uma solene comoção ao dizer amo-te (algumas vezes)
e isso ter sido inteiramente verdade, em três ou quatro casos***.
Ora eu estava aqui a pensar que, sim, o amor é uma coisa muito importante.
Apenas não acho que seja a coisa mais importante da minha vida.
A coisa mais importante da minha vida sou eu.
Isso (ainda que pareça egoísta) é uma inabalável verdade.


* Falo do amor romântico. Não do amor num sentido mais hum... universal?

**Apesar de ter dificuldade em gostar de pessoas... eu sou como aquele standard de jazz... I fall in love to easily, I fall in love to fast. E desapaixono-me exactamente com a mesma facilidade e rapidez. É uma limpeza, digamos.


***Não é que nos outros casos não fosse verdade no momento em que a palavra foi proferida. Mas era uma verdade frágil. Dessas que se desmoronam ao mínimo sopro. Os três ou quatro casos em que foi absolutamente verdade. É porque continua a ser absolutamente verdade o que eu senti em todos os momentos em que, nesses casos, proferi tal palavra.

6 comments:

sem-se-ver said...

percebo-a perfeitamente, embora eu seja exactamente ao contrário (no que se refere ao remate do seu post): a coisa mais importante do mundo sou eu quando o meu amor é retribuído. no caso de o estar a sentir. logo, ou porque não é retribuído ou não o estou a sentir, muitas vezes não encontro a coisa mais importante do mundo. e fico desorientada.

(sendo que me amo muito. mas não o suficiente, como se vê)

Anonymous said...

Caetano Veloso - Canção de Protesto




Porque será
Que fazem sempre tantas
Canções de amor
E ninguém cansa
E todo o mundo canta
Canções de amor
De minha parte
Às vezes não aguento
Noventa e nove e um pouco mais por cento
Das músicas que existem são de amor
E quanto ao resto
Quero cantar só
Canções de protesto
Contra as canções de amor
Odeio "As Time Goes By"
O manifesto
Canções de amor
Muito ciúme, muita queixa, muito "ai"
Muita saudade, muito coração
É o abusara de um
Santo nome em vão
Ou a santificação de uma banalidade
Eu queria o canto justo na verdade
Da liberdade só do canto
Tenra, limpa, lúcida, e no entanto
Sei que só sei querer viver
De amor e música

Elisa said...

Sem-se-ver... embora isso também me aconteça aqui e ali... sempre achei estranho que as pessoas precisassem de amar alguém e ser amadas 'de volta'... para se sentirem completas. É estranho. Acho eu. Eu sinto-me completa sem amar e sem o amor dos outros

Elisa said...

Anónimo/a
Obrigada por esse pedaço de beleza.
:)

sem-se-ver said...

e é como devia ser, eu sei elisa. mas confesso as minhas limitações. com facilidade, como se vê (nada: só a pessoas como vc, que respeito e em quem confio). mas ia dizer: freud deve explicar. o meu caso, pelo menos. ele foi sempre melhor a explicar patologias.

(sim, agradeço também ao anonimo, se me permite, pois nao conhecia aquela canção do caetano)

Elisa said...

Ora sem se ver... sei lá se é como devia ser. Mas é assim que é, comigo. Consigo é de outra maneira. Pronto. Eu sou pela diversidade ;-).