Saturday, March 10, 2007

Dia -500

Há muito mais de quinhentos dias
que sou de um país diferente do vosso, de um outro bairro,
de uma outra solidão*

Je suis d'un autre pays que le vôtre, d'une autre quartier, d'une autre solitude.
Je m'invente aujourd'hui des chemins de traverse. Je ne suis plus de chez vous.
J'attends des mutants. Biologiquement je m'arrange avec l'idée que je me fais de la biologie: je pisse, j'éjacule, je pleure. Il est de toute première instance que nous façonnions nos idées comme s'il s'agissait d'objets manufacturés.
Je suis prêt à vous procurer les moules. Mais...

la solitude...

Les moules sont d'une texture nouvelle, je vous avertis. Ils ont été coulés demain matin. Si vous n'avez pas, dès ce jour, le sentiment relatif de votre durée, il est inutile de vous transmettre, il est inutile de regarder devant vous car devant c'est derrière, la nuit c'est le jour. Et...

la solitude...

Il est de toute première instance que les laveries automatiques, au coin des rues, soient aussi imperturbables que les feux d'arrêt ou de voie libre. Les flics du détersif vous indiqueront la case où il vous sera loisible de laver ce que vous croyez être votre conscience et qui n'est qu'une dépendance de l'ordinateur neurophile qui vous sert de cerveau. Et pourtant...

la solitude...

Le désespoir est une forme supérieure de la critique. Pour le moment, nous l'appellerons "bonheur", les mots que vous employez n'étant plus " les mots" mais une sorte de conduit à travers lequel les analphabètes se font bonne conscience. Mais...

la solitude...

Le Code civil nous en parlerons plus tard. Pour le moment, je voudrais codifier l'incodifiable. Je voudrais mesurer vos danaïdes démocraties.
Je voudrais m'insérer dans le vide absolu et devenir le non-dit, le non-avenu, le non-vierge par manque de lucidité. La lucidité se tient dans mon froc.

Leo Ferré - La Solitude
*mas, no entanto, somos todos daqui. Do mesmo sítio.
Uma tradução muito imperfeita pode ser encontrada nos comentários.

Friday, March 09, 2007

Dia -499

O mundo é cada vez maior. As mulheres continuam (in)visíveis*
Imaginemos um mundo pequenino.
Um mundo com apenas 1000 pessoas.
Num mundo assim, passar-se-ia qualquer coisa como isto:
500 destas pessoas seriam mulheres;
Na verdade, poderiam ser 510, não fosse a prática do aborto selectivo
(corrente em países como a China ou a Índia)
ou a ausência de cuidados médicos adequados;
167 seriam espancadas ou expostas a qualquer outra forma de violência durante a sua vida;
100 destas mulheres teriam sido vítimas de violação ou de tentativa de violação.
Agora imaginem um mundo grande.
Como aquele em que vivemos.
Um mundo com 6 301 464 000 pessoas, das quais 3 132 342 000** são mulheres
e multipliquem.
Neste dia em vez de oferecerem flores às mulheres que conhecem
e que, estou certa, não são vítimas de nenhuma forma de violência...
façam mais qualquer coisa pelas mulheres que não conhecem.
Por aquelas que são vítimas de discriminação, de repressão, de violentações várias.
Porque é preciso lembrar, ao menos neste dia,
que sob qualquer das suas formas, a violência contra as mulheres
é ainda a mais frequente violação dos direitos humanos no mundo.
E se não acreditam nisto.
E se acham que o dia 8 de Março
é apenas um dia para oferecer flores,
carreguem aqui.
Adenda após reflexão: vejam e ouçam isto.
Os corações morrem de fome como os corpos;
dai-nos pão, mas dai-nos rosas
(James Oppenheim - Bread and Roses)
*Mulheres (In)Visíveis é o título de um Relatório acerca da violência sobre as mulheres, da Amnistia Internacional - Portugal.
** Dados da Organização das Nações Unidas

Thursday, March 08, 2007

Dia -498

Os Alunos, essas fontes inesgotáveis de alegria (III)
O miúdo tem um ar meio despassarado.
Um ar bastante invulgar, até.
Não sei se presta atenção às aulas ou não
(eles são sempre mais de cem no anfiteatro).
Mas hoje escreveu-me um email
que me deixou reconciliada com os miúdos todos.
Escreveu-me a dizer que tinha encontrado um artigo assim e assim
que talvez pudesse ser útil a algum colega
que estivesse a trabalhar sobre um tema relacionado.
Vocês podem achar normal.
Mas eu garanto que actualmente o gesto é tão invulgar
como o ar do miúdo em questão.

Wednesday, March 07, 2007

Dia -497

Be Aware of The Shark
(Specially when it's dead)
A relationship, I think, is like a shark.
You know? It has to constantly move forward or it dies.
And I think what we got on our hands is a dead shark.
(Woody Allen - Annie Hall)

Tuesday, March 06, 2007

Dia -496

O
pior
não é
isto.
O
que se diz.
O
pior
é
o
que não pode
ser
dito.

Monday, March 05, 2007

Dia -495

Ene
vezes.
Quando acaba a memória
e
começa o esquecimento?

Sunday, March 04, 2007

Dia -494

U
Ser, talvez, como tu.
Decidir.
E não pensar.
Nunca mais.
Em nada.

Friday, March 02, 2007

Dia -493

N
O que eu pensei foi
preciso de um abraço
hoje preciso de um abraço teu
um abraço desses de estar em casa
ou um abraço dos outros
daqueles de apanhar um comboio para um país distante
sem nada levar como bagagem
hoje preciso de um abraço teu.
Mas o que fiz
foi meter-me num cinema
para não perceber
que os teus abraços
esses
e
aqueles
ou seja
os únicos de que alguma vez precisei
levaste-os tu
para o único lugar onde não irei procurar-te.
Mas, sim, gostei do filme.

Dia -492

Pois Claro
(a nacionalidade de uma pessoa, nota-se, aliás, é mesmo nestas coisas miudinhas)
Diz-me o M.:
és tão exagerada como as espanholas.
Olé!

Thursday, March 01, 2007

Dia -491

Isto é capaz de ser mau sinal
Ultimamente tenho dado por mim a cantar
a plenos pulmões enquanto conduzo.
Seja a distância longa ou curta.
As canções que canto?
É melhor não quererem saber.

Wednesday, February 28, 2007

Dia -490

Manias
A mania que na cama nascem amores profundos só porque um gajo está deitado.
(A frase não é minha que, sendo gaja, já perdi estas manias há uns tempos.
É do J. que, não sendo gaja, ainda lida com estas manias)
Adenda: mas podem nascer amores profundos na cama...
deitados ou noutra qualquer posição.
Os amores profundos podem nascer em qualquer parte.
E a cama é um lugar tão bom como qualquer outro. Hum... talvez ainda melhor.

Tuesday, February 27, 2007

Dia -489

I am a little bit depressed
São 5:17 da madrugada e eu estou um bocadinho deprimida.
Com os óscares.
A cerimónia foi a melhor dos últimos anos.
4 horas e nem se deu por elas.
Mas... só dois dos meus candidatos ganharam e...
pior... Departed ganhou o óscar para o melhor filme.
Hum... porquê? Nem sequer é um grande filme!
Só me senti assim no ano em que não deram o óscar à Emily Watson
pelo seu enorme papel em Breaking the Waves, de Lars Von Trier.

Parafraseando o Calimero: it's an injustice, it is!

Monday, February 26, 2007

Dia -488

Os Dias Perfeitos...
... são dias como hoje.
Levantei-me com sol. Tomei o pequeno almoço na varanda.
Havia vento. Mas a ria estava azul. Uma cor conveniente a um dia perfeito.
A seguir li um bocadinho do Kafka à Beira Mar
do magnífico Haruki Murakami,
como gosto de ler, aos domingos, deitada na cama.
Depois fui ao cinema, como gosto de ir aos domingos
(bom, na verdade, gosto de ir ao cinema todos os dias da semana)
e pude ver uma interpretação absolutamente brilhante
do (tão velho) Peter O'Toole
em Venus, um extraordinário filme de Roger Michell.
Não admira que seja extraordinário.
Foi escrito por um dos meus escritores preferidos
na literatura inglesa contemporânea: Hanif Kureishi.
A seguir a uma francesinha e umas cervejas em boa companhia,
fui à Casa da Música ver o excelente
(e também tão velho) McCoy Tyner.
Finalmente, voltei a casa.
Deitei-me no sofá e vi toda a cerimónia dos óscares.
Foi a melhor dos últimos anos.
Sim, eu sei, uma mulher não merece ter dias assim tão perfeitos.
Deve ser por isso que são tão raros.

Sunday, February 25, 2007

Dia -487

Os Óscares
Por mim, the oscar goes to:
Melhor Filme: Letters From Iwo Jima
(embora se ganhar o Babel também ache bem)
Melhor Realizador: Alejandro Gonzales Iñárritu (por Babel)
(embora se ganhar o Clint Eastwood também não me importe)
Melhor Actor: Forest Whitaker (em The Last King Of Scotland)
(aqui não há nada a fazer: ou dão o óscar ao Forest Whitaker ou... ou... bah)
Melhor Actriz: Helen Mirren (em The Queen)
(não vi ainda o Notes on a Scandal, pelo que não sei a Judy Dench vai melhor que a minha eleita)
Melhor Actor Secundário: Djimon Hounsou (em Blood Diamond)
(tal como com o Forest Whitaker, neste caso também não há nada a fazer... tem de ser para ele)
Melhor Actriz Secundária: Rinko Kikuchi (em Babel)
(brilhante, mas não vi a Cate Blanchett em Notes on a Scandal nem a Jennifer Hudson em Dreamgirls... pelo que... não sei)
Melhor Argumento Original: Iris Yamashita e Paul Haggis por Letters From Iwo Jima
(ok, o Guillermo Arriaga por Babel também pode ganhar)
Melhor Argumento Adaptado: Todd Field e Tom Perrotta por Little Children
(bom, também pode ser Alfonso Cuarón e Timothy J. Sexton por Children of Men)
Melhor Fotografia: Children of Men
(no doubts)
E pronto. As outras categorias... não sei bem.
Mas sei que amanhã, depois de um (espero que) magnífico concerto do McCoy Tyner na Casa da Música,
vou ficar acordada até às tantas a ver se os meus favoritos levam o óscar para casa.

Friday, February 23, 2007

Momento de Intervalo...

Nunca mais te hás-de calar ó Zeca*
A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança
a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância
e a palavra medo.
A cidade é um saco
um pulmão que respira
pela palavra água
pela palavra brisa.
A cidade é um poro
um corpo que transpira
pela palavra sangue
pela palavra ira.
A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.
A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos **/ Zeca Afonso - A Cidade

* José Mário Branco - Carta ao Zeca

** Obrigada Alberto, pela correção.

Dia -486

Precisamente
É precisamente por não te pareceres com ninguém que gostaria de te encontrar sempre... em toda a parte...
H. Pratt - A Balada do Mar Salgado
(ou de com um blog me lembrou que devia reler Corto Maltese)

Thursday, February 22, 2007

Dia -485

O Meu Pai...
... é o homem mais bonito que conheço
... tem o cabelo branco mais lindo do mundo
... o olhar mais inteligente e meigo do universo
... sabe fazer tudo
... ensina-me muitas coisas
... telefona-me para me lembrar coisas comezinhas que, se não fosse ele, de certeza, me esqueciam
... gosta de pássaros
... gosta de gatos
... gosta de palavras e compreende-as todas muito bem
... nunca me ralhou
... gosta de árvores e já plantou muitas
... gosta de arranjar coisas
... gosta de ver crescer as coisas
... dá-me conselhos
... andou comigo ao colo e dá-me beijos e abraços
... faz um grande sorriso quando lhe dizem que eu sou a menina do papá
... acha mesmo que eu sou a menina do papá
... e eu estou de acordo porque não imagino coisa melhor para se ser.
O meu pai hoje faz anos.
Muitos Parabéns Pai!

Dia -484

Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.
A mim que desde a infância venho vindo
como se o meu destino
fosse o exato destino de uma estrela
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Vinte anos mais vinte é o que tenho,
mulher ocidental que se fosse homem
amaria chamar-se Eliud Jonathan.
Neste exato momento do dia vinte de julho
de mil novecentos e setenta e seis,
o céu é bruma, está frio, estou feia,
acabo de receber um beijo pelo correio.
Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome.
Adélia Prado - Tempo

Wednesday, February 21, 2007

Dia -483

Japoneses, Como Nós
Letters from Iwo Jima é um filme imperdível*.
Sim, estamos todos fartos de filmes sobre a II Guerra Mundial.
Mas este é um filme que dá rostos, emoções, vidas,
a um dos lados da guerra que nos habituamos a ver
como a natureza de todo o mal,
no cinema sobre este período.
Aqui não. Aqui são japoneses.
Como nós.
Exactamente.
Como nós.
*Aconselho a ver primeiro o Lado A deste épico de Clint Eastwood
(um realizador demasiado humano, como sempre) - Flags of Our Fathers.

Tuesday, February 20, 2007

Dia -482

Tenho 40 anos e dois meses...
... e a minha mãe ainda me chama meu amorzinho pequenino.
E o melhor é que eu gosto!

Monday, February 19, 2007

Dia -481

Die Große Stille*
Um homem pode decidir
ser feliz
sozinho
e em silêncio.**
(* ou O Grande Silêncio, um filme de Philip Gröning sobre os monges cartuxos num mosteiro em França)
(** e isto, mais ou menos assim, foi o que disse o Fernando Alves, no fim de uma reportagem da TSF sobre os monges cartuxos em Portugal, no dia 16/2, intitulada O Lugar dos Homens que Não Falam)

Sunday, February 18, 2007

Dia -480

Ideias ou lá o que é
As ideias fazem-me mal.
A sério.
Sinto-me um bocadinho desencontrada.

Saturday, February 17, 2007

Dia -479

Só isto é verdade
O epicentro dos grandes terramotos
encontra-se na extrema mansidão
com que caminhas
a uma certa luz da tarde
e alheio
destróis os desertos
que levei anos
a esboçar.

Friday, February 16, 2007

Dia -478

Obrigada*



Amy Winehouse - Love is a Loosing Game

*Depois de ouvir atentamente esta é a minha favorita. A voz desta moça é profundamente interessante.

Thursday, February 15, 2007

Dia -477

E a Extrema Inutilidade das Comemorações Estúpidas
Como a deste dia...
como se namorar tivesse data marcada. A ser celebrada.
Ou melhor, como se o amor (essa treta!)
não fosse já celebração bastante.

Tuesday, February 13, 2007

Dia -476

A Extrema Utilidade das Perguntas Estúpidas
Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe
se estava em casa.
Foi então que deu pelo facto.
Realmente tinha morrido havia já dezassete dias.
Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.
(Mário Henrique Leiria - Telefonema)

Monday, February 12, 2007

Dia -475

A Terra Tremeu...
... e eu acordei, com o estremecimento da cama e pensei
'mas que raio... porque é que estou a tremer?'
Eram 10:38.
Muito cedo, para os meus hábitos.
Deixei-me ficar debaixo do edredon muito sossegada,
um pouco como a nêspera do Mário Henrique Leiria...
a ver o que acontecia...
até que percebi...
... a terra tremeu, em Portugal
(5,8 na escala de Richter)
mas foi de satisfação, claro.
(e acrescento que me levantei passado um bocado e que quando saí para a rua, as coisas todas, as pessoas todas, me pareceram... exactamente assim, mais sacudidas, com menos pó nas entrelinhas...)

Sunday, February 11, 2007

Dia -474

Hoje, os meus pensamentos são contentes
SIM
finalmente!

Dia -473

Reticências
Terror de te amar num sítio tao frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeiçao
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Sophia de Mello Breyner
(o poema não se chama reticências. Chama-se Terror de te amar)

Saturday, February 10, 2007

Momento de Intervalo...


... Ou Aqueles que Amam as Palavras, Fazem a Mesma Viagem, Quase Sempre

Obrigada Alexandre


por teres colocado num texto absolutamente belo todas as palavras que amo.


para a Elisa
Estive longos minutos sentado na cadeira sem que qualquer palavra surgisse
(e agora que penso melhor, os minutos são uma porção significativa de tempo quando as palavras não se dignam a estar presentes, e por isso minutos longos como quem conta todos os crepúsculos da manhã e da tarde, como quem vai sobrando à conta dos dias, distanciando-se com a boca calada e meneando a cabeça à descoberta de)
de coisas mundanas como os autocarros que passam aqui em frente a horas tardias, levando uma duas pessoas, aconchegadas no colo da noite perdidas sabe-se lá em que boca calada, meneando a cabeça à descoberta das palavras certas, e nenhuma que surgisse, de modo que eu
(provavelmente todos os segundos o mais demorado beijo, uma tarde de amor, uma viagem)
de autocarro fechado no colo da noite a querer lembrar-me de ti sem encontrar resposta para a teimosia das palavras ausentes durante tanto tempo
(fazendo das horas meses, o sol e a chuva, e a lua, tudo isso, quando vejo uma ou duas pessoas dentro dos autocarros a horas tardias, com as coisas pequenas meneando a cabeça dentro do colo da noite, de modo que eu)
deixo-me ficar sentadinho na cadeira como um traste velho à espera de todos os fins, são longos minutos que me faltam, não são uma duas pessoas que passam dentro do colo da noite pestanejando autocarros a horas tardias
(como se um demorado beijo, e as tardes de amor contadas pelos dedos a jurar que)
um dia serias tu, mas nada disso, quando digo que são uma duas pessoas aconchegadas às palavras sem dizer, só a ti te vejo, posso mesmo jurar que és tu dentro do autocarro levado no colo da noite, que são apenas minutos
(e pensando bem, minutos é uma maneira de dizer que uma porção significativa de crepúsculos esperando a tua saída, mas o sonho que tenho é sempre a mesma volta, com a mesma ambiguidade de que se faz a vida que vivemos sem percebermos que ao olhar para trás são dunas)
dunas de segundos pelo mais demorado beijo, uma tarde de amor. Sempre a mesma viagem.

Friday, February 09, 2007

Dia -472

Regresso aos Posts Absolutamente Profundos




















Hugh Laurie

Digam lá, mas assim mesmo honestamente...
não merecerei eu:
- os olhos azuis,
- a barba mal feita,
- o cabelo em desalinho,
- as olheiras fundas,
- a camisa escrupulosamente branca e
- a personalidade cáustica e indomável do Dr. House*???
É que eu, assim mesmo honestamente acho que menos não mereço.

(*sim, provavelmente o tipo mais interessante do mundo)

Dia -471

Do que eu gostei mais foi daquele instrumento a que eles chamam Contrabacia**, mas o resto também é muito... hum... original?*
*Pelo menos... divertido foi, sem qualquer dúvida.
Uma mistura de Kusturica com Almodovar ou... sei lá eu bem.
Chamam-se O'queStrada
** Contrabacia - um pau de vassoura enterrado numa bacia de plástico, com uma espécie de corda da roupa ao longo do pau... aparentemente produz música. Uma espécie de...

Thursday, February 08, 2007

Dia -470

Я тупоумн
e, parecendo que não, isso explica muita coisa.

Wednesday, February 07, 2007

Dia -469

Avec Moi, C'est Pareil
Le plus clair de mon temps, je le passe à l'obscurcir, parce que la lumière me gêne.
Boris Vian - L'Écume des Jours

Tuesday, February 06, 2007

Dia -468

I Turned Fourty and I Guess I'm Going Through a Life Crisis or Something


There's an old joke. Uh, two elderly women are at a Catskills mountain resort,
and one of 'em says: "Boy, the food at this place is really terrible."
The other one says, "Yeah, I know, and such ... small portions."
Well, that's essentially how I feel about life. Full of loneliness and misery and suffering and unhappiness, and it's all over much too quickly.
The-the other important joke for me is one that's, uh, usually attributed to Groucho Marx, but I think it appears originally in Freud's wit and its relation to the unconscious. And it goes like this-I'm paraphrasing: Uh ... "I would never wanna belong to any club that would have someone like me for a member."
That's the key joke of my adult life in terms of my relationships with women.
Tsch, you know, lately the strangest things have been going through my mind,
'cause I turned forty, tsch, and I guess I'm going through a life crisis or something,
I don't know.
I, uh ... and I'm not worried about aging.
I'm not one o' those characters, you know.
Although I'm balding slightly on top, that's about the worst you can say about me.
I, uh, I think I'm gonna get better as I get older, you know?
I think I'm gonna be the- the balding virile type, you know, as opposed to say the, uh, distinguished gray, for instance, you know?
'Less I'm neither o' those two. Unless I'm one o' those guys with saliva dribbling out of his mouth who wanders into a cafeteria with a shopping bag screaming about socialism. (Sighing)
Annie and I broke up and I-I still can't get my mind around that. You know,
I-I keep sifting the pieces of the relationship through my mind and-and examining my life and tryin' to figure out where did the screw-up come, you know,
and a year ago we were... tsch, in love.
You know, and-and-and ... And it's funny, I'm not-I'm not a morose type.
I'm not a depressive character.
I-I-I, uh,
(Laughing)
you know, I was a reasonably happy kid, I guess.
I was brought up in Brooklyn during World War II
(...)
Woody Allen - Annie Hall

Sunday, February 04, 2007

Dia -467

Bluuurrrrpppp
É que já não tenho idade.
Mesmo.
Nem personalidade, acrescente-se
(mas isso nunca tive).
Para beber, quero dizer.

Saturday, February 03, 2007

Dia -466

Mi perdo nel tuo sguardo colossale*
O amor. As coisas do amor.
Não deviam ser ditas. Nunca. Noutra língua.
(*frase da canção de Roberto Benigni Quanto ti ho Amato)

Dia -465

Well, I Hope That I Don't Fall in Love With You*
Well I hope that I don't fall in love with you
'Cause falling in love just makes me blue,
Well the music plays and you display
your heart for me to see,I had a beer and now I hear you
calling out for me
And I hope that I don't fall in love with you.
Well the room is crowded, people everywhere
And I wonder, should I offer you a chair?
Well if you sit down with this old clown,
take that frown and break it,
Before the evening's gone away,
I think that we could make it,
And I hope that I don't fall in love with you.
Well the night does funny things inside a man
These old tom-cat feelings you don't understand,
Well I turn around to look at you,
you light a cigarette,
I wish I had the guts to bum one,
but we've never met,
And I hope that I don't fall in love with you.
I can see that you are lonesome just like me,
and it being late, you'd like some company,
Well I turn around to look at you,
and you look back at me,
The guy you're with has up and split,
the chair next to you's free,
And I hope that you don't fall in love with me.
Now it's closing time, the music's fading out
Last call for drinks, I'll have another stout.
Well I turn around to look at you,
you're nowhere to be found,
I search the place for your lost face,
guess I'll have another round
And I think that I just fell in love with you.
(* Emiliana Torrini, whoever she is... encontrada par hasard
a cantar menos mal esta extraordinária letra de Tom Waits.)

Thursday, February 01, 2007

Dia -464

Eu Nunca Guardei Rebanhos*
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural .
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
Alberto Caeiro
* Para o Paulo.
Que não sei se conhece este poema, um dos 37 do Guardador de Rebanhos
(e que era a minha bíblia de bolso aos 15 anos),
e que anda preocupado com os pastores que ainda há.
Já não lia este poema há mais de 20 anos.
Embora alguns dos seus versos andem comigo, sempre, para toda a parte.
Vês, Paulo, como os alunos podem ser fontes inesgotáveis de alegria?

Wednesday, January 31, 2007

Dia -463

Mais um semestre que começa...
... com cento e quarenta novos alunos.
Que inesperadas alegrias me trarão estas
(vistas assim, ainda só de relance)
amáveis criaturas?

Momento de Intervalo...

Esta é a Pergunta

«Concorda com a despenalização da interrupção
voluntária da gravidez,
se realizada, por opção da mulher,
nas primeiras 10 semanas,
em estabelecimento de saúde
legalmente autorizado?»

E é com ela que, a partir de hoje e até dia 11 de Fevereiro de 2007,
deixo de escrever sobre a questão do aborto.
Já disse tudo o que penso.
Sou uma mulher.
Não quero que pensem por mim.
Que falem por mim.
Que decidam por mim.
Que me imponham valores por Decreto.
Que me obriguem a ter filhos, se os não quiser.
Obviamente, Eu Voto Sim!

Dia -462

Obviamente, Eu Voto Sim (10)
Porque,
parafraseando o José Manuel Pureza*,
não quero viver num país onde haja prisioneiros de consciência!
(*no programa Prós&Contras, que acabou há pouco, na RTP1
e cujo o tema foi o Referendo de 11 de Fevereiro sobre a despenalização da IVG)

Tuesday, January 30, 2007

Dia -461

Agora, Julguem-me e Depois Prendam-me, Como se Fosse Preciso*
Passei anos, logo a seguir, a transpirar pelas noites fora. Não tinha calor.
Tinha medo. Ou qualquer coisa parecida com o medo. Talvez um medo sem objecto.
Uma espécie de angústia.
Visitavam-me bocados de feto. Pedaços de carne. Picada. Desfeita.
E o sangue a misturar tudo.
Visitavam-me os cabelos louros dos filhos que esperava ter.
E os pezinhos pequenos desses filhos imaginários,
a correr por uma casa qualquer, que seria a minha.
Uns pés pequenos amarrados a uma vozinha também pequena
que haveria, numa casa qualquer que seria minha,
de dizer 'mamã'.
Visitavam-me os cabelos louros misturados com o sangue.
A vozinha perdida na carne desfeita.
Passei anos, logo a seguir a transpirar pelas noites fora.
Visitava-me a angústia. De ter triturado cabelinhos louros.
Carnes tenrinhas. Vozinhas doces. Pezinhos pequenos.
Todos os gritinhos excitados.
Todas as possibilidades de ouvir chamar 'mamã'.
Alguns anos a seguir, a esses anos suados de angústia, visitaram-me de novo, os pequenos pés, as pequenas vozes, os cabelos louros, a covinha atrás, no pescoço, onde se enterra o nariz e sempre, quase sempre, sim, sempre, encontramos o cheiro original de todas as coisas vivas.
Também desta vez todas as coisas acabaram trituradas. Desfeitas. Picadas. Ensanguentadas. Mas como não tinha cometido um crime, não as vi.
Ou não me as mostraram, como manda a decência dos hospitais públicos e a solidariedade com a dor de uma mulher quase-mãe que perde um filho.
Ou a possibilidade de um filho.
Acho que entre uma e outra coisa, se passaram dez anos.
Acho que continuei a desfazer-me em água pelas noites fora.
Até hoje. Agora mesmo. Que falo disto.
Da covinha atrás do pescoço, logo ali onde nascem os cabelinhos louros do meu possível filho.
Essa covinha onde haveria de enterrar o nariz para me certificar do mundo.
Noite após noite, ainda, as coisas que me visitam, anunciam-me que a segunda vez só aconteceu por causa da primeira.
E é assim que cá vou indo.
A desfazer-me, líquida.
Às vezes, penso: 'Vá, agora julguem-me. Agora prendam-me'.
Como se fosse preciso.
*ou Obviamente, Eu Voto Sim (9)

Sunday, January 28, 2007

Dia -460

O Frio
Eu gosto deste frio que corta a pele e invade os ossos distraídos.

Saturday, January 27, 2007

Dia -459

O Problema do(a) Papa e a Questão do Aborto
O meu sobrinho emprestado, que tem oito anos e o ouvido atento ao que dizem os adultos quando acham que ele não está a ouvir, teve a seguinte conversa com o pai:
Ele: sabes, pai, estou muito pessimista, acho que o não vai ganhar
O pai: então porquê, filho?
Ele: por causa do papa, que diz às pessoas para votarem não... e o papa tem muita influência nas pessoas não é?
O pai: ?...?
Ele: mas também... quem é que se chama papa? Que nome tão esquisito para um homem... papa... papa é comida de bebés, não é?

Friday, January 26, 2007

Dia -458

Obviamente, Eu Voto Sim (8)
... mas tão cedo não me apanham num jantar como o de ontem.
Dos vários movimentos pelo Sim. Em Coimbra.
Onde falamos uns para os outros. De e para quem já vota sim.
Apesar de a recolha de fundos que tais iniciativas supõem ser importante...
é muito questionável a sua eficácia. Quer na própria recolha de fundos, quer informativa.
Prefiro contribuir, como contribuo com frequência, com dinheiro a troco de nada, por assim dizer*, e ser poupada aos bifinhos com cogumelos subversivos e ao vinho tinto sem qualificação.
E aos discursos e comportamentos de uma certa esquerda
absolutamente monolítica.
E aos desejos de protagonismo de certas ilustres cabeças.
Mesmo que sejam pelo sim, isso não desculpa tudo.
(* além do meu contributo de outros modos: a recolher assinaturas, a colocar cartazes, a escrever crónicas, a escrever nos meus blogs. Pode não ser muito mas pelo menos preservo-me do ruído, da estridência, da militância às vezes quase cega que move certas pessoas. O que pode ser louvável. Mas para mim, não.)

Dia -457

A Carta de Condução...
... chegou hoje pelo correio, num envelope da Loja do Cidadão,
mas sem um nome próprio no remetente.
Acompanhava a minha carta de condução, roubada no sábado
juntamente com todos os meus documentos de identificação,
um papel onde estava escrito à mão:
envio-lhe a sua carta de condução que encontrei perdida
na estação de comboios de Aveiro (nas traseiras).
Anónimo/a um grande bem-haja pela devolução.
Já agora, se vir perdidos por aí
o meu bilhete de identidade,
o meu cartão de eleitor,
o meu cartão de contribuinte,
o livrete e registo de propriedade do meu carro,
o meu cartão da ADSE,
o meu cartão do ACP,
o meu Medeia Card,
o meu cartão do Cineclube de Aveiro,
a carta verde,
o meu cartão de identificação da universidade,
o monte de papéis inúteis que enchiam a minha mandarina duck
e a própria...
e se não lhe der muita maçada...
a morada é a mesma.

Thursday, January 25, 2007

Dia -456

Tadadatatam, tadatadadam

*

Le donne odiavano il jazz
non si capisce il motivo
du-dad-du-dad*


Claro que não se compreende o motivo!

*Paolo Conte - Sotto le stelle del jazz

Wednesday, January 24, 2007

Dia -455

Ça Va Mieux, Merci

Com a ajuda de um belo concerto*,
num belo sítio,
com uma companhia muito simpática.
:-)
*refiro-me ao concerto do Brad Mehldau, no Teatro Circo de Braga.
A 24 Brad Mehldau toca no CCB e a 25 em Alcobaça.
A música que ouvem - Anything Goes - adequa-se ao meu melhor estado de espírito,
mas não foi tocada no Teatro Circo

Tuesday, January 23, 2007

Dia -454

Obviamente, Eu Voto Sim (7)

Tanto que arranjei tempo para ir à Junta de Freguesia pedir
uma segunda via do Cartão de Eleitor.
Está pronto na 5ª feira e acho que é o 1º documento
(bom, tinha o passaporte dentro de uma gaveta aqui em casa
e foi durante 1 dia a minha única forma de provar que eu sou eu)
que vou ter.

Monday, January 22, 2007

Dia -453

CSI à Portuguesa, com certeza
Diz-me o senhor agente, após minha inquirição sobre as diligências que costumavam desencadear nestes casos de furto: "oh minha senhora de certeza que o caso está encaminhado, mas sabe que isto toca a todos. A mim roubaram-me a carteira profissional e o casaco da farda, nunca apareceram e ainda por cima tenho um processo disciplinar por causa disso"
Era suposto isto deixar-me mais descansada?

Sunday, January 21, 2007

Dia -452

O Roubo
Vejam lá vocês que foi preciso esperar até aos 40 anos para que me assaltassem.
Ou melhor, roubaram-me a carteira, com todos os documentos e cartões multibanco
e etc e etc, dentro.
Eu que me gabava de nunca ter sido assaltada.
Toma lá! E às seis e meia da tarde!
Já cancelei cartões, Já bloqueei contas...
mas... só de pensar nas longas filas que vou ter de enfrentar para
tratar dos documentos...
(todos! Só me sobrou o passaporte, que estava em casa,
para poder demonstrar que eu sou eu),
...dá-me uma coisa.
Bom, o senhor agente da PSP que me tratou da queixa-crime,
o senhor da Caixa Geral de Depósitos
e a senhora do SIBS
foram muito simpáticos.
Gostava que o senhor ladrão ou a dona ladra tivesse, ao menos,
a decência de me devolver a minha mandarina duck
(que me foi oferecida por uma pessoa especialíssima,
que já morreu)
com os meus documentos lá dentro.
Que vida esta!

Wednesday, January 17, 2007

Dia -449

Obviamente, Eu Voto Sim (5)

Tuesday, January 16, 2007

Dia -448

Obviamente, Eu Voto Sim (4)
Porque o aborto, na dimensão em que frequentemente se discute em Portugal, é sobretudo uma questão de mulheres sem poder económico. Ninguém se recordará de ver uma mulher rica no banco dos réus por prática de aborto. Essas costumam ir a Espanha ou a Inglaterra.
Ouvimos inúmeras vezes o argumento de que o aborto é uma questão de consciência.
Não discuto. É também uma questão de consciência. Apenas podemos lamentar que a maior parte dos responsáveis políticos se esconda atrás de tal argumento e se recuse a ter um debate sério, digno e claro sobre a questão. Se é uma questão de consciência individual porque se invocam, com tanta frequência, razões de natureza colectiva, relacionadas com o direito, relacionadas com a religião? Se é uma questão de consciência ela coloca-se no plano das escolhas pessoais. Neste sentido é hipócrita continuar a não ter as condições legais que nos permitam, de facto, decidir em consciência. Se é uma questão de consciência porque é criminalizada? Porque sentem vergonha as sete mulheres que estão agora sentadas no banco dos réus? Porque ficam em silêncio quando poderiam argumentar que desconhecemos tudo a seu respeito? Que nenhum de nós, os outros, os que tiveram sorte, sabe quem são estas mulheres?*
(*excerto da primeira crónica que escrevi para O Jornal de Notícias, publicada a 6 de Janeiro de 2004, a propósito do julgamento em Aveiro de sete mulheres por prática de aborto)

Dia -447

A Fotografia, Sem Ti, jamais estaria completa...


... Muitos Parabéns, Irmã!

Friday, January 12, 2007

Dia -444

Obviamente, Eu Voto Sim (3)

Porque é disto que se trata

(imagem roubada em The Estrogen Diaries)

Dia -443

Obviamente, Eu Voto Sim (2)
Porque defendo o direito à vida.
Com dignidade.
Sobretudo a vida com dignidade das mulheres que,
por circunstâncias várias,
se viram na situação de interromper voluntariamente* uma gravidez.
*ah como esta palavra é enganadora!

Tuesday, January 09, 2007

Minuto de Intervalo... Aliás, Nota de Rodapé Mesmo Muito Pequenina...

... ou agradecimento (último e definitivo) pelas graças recebidas...
ao big brother ortográfico.
Como já agradeci. E o visado pelo agradecimento já leu
(embora certamente não tenha registado o pedido encarecido para que me desampare a loja)
não faço mais publicidade ao dito. Naturalmente.

Dia -441

Ai, já em bebé eras tão gira...
... diz-me, numa sms, o meu sempre simpático amigo Alberto.
Eu respondi-lhe: gira??? Eu, em bebé, era linda!*
O problema foi ter começado a envelhecer.
Eu bem queria ter ficado sempre pequenina.
*E se não acreditam, perguntem à minha mãe, ora essa!

Dia -440

Parabéns...





... A mim, que fui assim.
Pequenina e tudo.
Na verdade... nestes 40 anos... nunca cresci.

Monday, January 08, 2007

Dia -439

Contagem Decrescente (II)
Falta 1 dia... brrrbrrrbrrr.

Sunday, January 07, 2007

Dia -438

Contagem Decrescente (I)
Faltam 2 dias. Brrrr....

Thursday, January 04, 2007

Dia -436

Coisas (mesmo mesmo muito) Importantes


Ver o Dr. House, hoje*

(*bom, já sabem que se a vida fosse como as comédias românticas eu e o Hugh Laurie seríamos o casal perfeito)

Wednesday, January 03, 2007

Dia -435

Não sei se já disse...*
... mas eu gostava era de ser espanhola. Olé!
(*já devo ter dito, mas pronto)

Dia -434

Hoje...
...já não estou de férias.
O que, do meu ponto de vista, é uma coisa muito chata.

Tuesday, January 02, 2007

Dia -433

2
0
0
7
Até agora, nada de novo.
Só o número a seguir aos zeros.

Monday, January 01, 2007

Dia -432

Temos mesmo de mudar...
... de ano?

Sunday, December 31, 2006

Dia -431

A «Civilização»...
...como se viu hoje, é uma grande treta.

Saturday, December 30, 2006

Dia -430

Babel*
Não sei se é o melhor filme do ano. Mas é um grande filme.
O que se passa em Tóquio.
Sobretudo o que (não) se passa em Tóquio.
É de uma solidão tão desamparada.
Somos pequenos.
E estamos todos tão ligados.
(um filme de Alejandro González Iñárritu, com Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael García Bernal, entre outros)

Thursday, December 28, 2006

Dia -429

The Holiday*
Odeio comédias românticas! Bah!
(*título do filme de Nancy Meyers, com Jude Law, Cameron Diaz, Kate Winslet e Jack Black)

Dia -428

Balanço
Dizem-me que a maior parte dos bloggers anda em fase de balanço.
Eu não faço balanços.
Tenho vertigens. E enjoo com frequência.
E além disso... que balanço se pode fazer?
Este ano foi assim... o ano que vem,
mais coisa menos coisa,
há-de ser muito semelhante.
E sinceramente não me importarei nada se assim for.

Friday, December 22, 2006

Dia -423

Agora Sim
Feliz Natal
Joyeux Nöel
Buon Natale
Merry Christmas
Feliz Navidad
Веселое Рождество

Thursday, December 21, 2006

Dia -422

Comida
Já se sabe que celebramos tudo com comida.
Já se sabe que nesta quadra os almoços, lanches e jantares são abundantes.
Mas... um almoço, um lanche e um jantar de Natal tudo no mesmo dia... hoje, mais exactamente...
... é um bocadinho exagerado, não?

Wednesday, December 20, 2006

Dia -421

A Espuma Dos Dias...
...um dos meus blogs favoritos acabou aqui.
Mas a Sarah mudou-se para acolá.
Do mal, o menos.

Tuesday, December 19, 2006

Dia -420

Com O Frio Que Está...*




*parece-me que podemos sonhar com um White Christmas
(aqui na voz de Frank Sinatra)

Monday, December 18, 2006

Dia -419

O Teu Aniversário...
Era hoje. Não sei se ainda é.
Quando se morre, continua-se a fazer anos?

Wednesday, December 13, 2006

Dia -414

Eu Agora Vou Para Aqui*













Universidade de Évora


* mas depois volto para o campus universitário mais bonito do país. Este:





Universidade de Aveiro

Tuesday, December 12, 2006

Dia -413

Eu Gosto Muito da Época Natalícia*


*so... jingle bells, jingle bells, jingle all the away...

Monday, December 11, 2006

Dia -412

Camadas
Devíamos viver por camadas.
Devíamos morrer juntamente com aqueles que amamos.
Deixava de haver ausência, escuridão, vazio.
Este buraco aqui dentro que nunca se encherá de outra coisa senão tristeza.

Dia -411

Santa Claus Is Coming to Town...

O Pai Natal que há em mim já fez todas as suas compras de Natal.
Ufffffff.
O Pai Natal que há em mim, não sei... mas eu sinto-me aliviada.

Thursday, December 07, 2006

Dia -408

A Grito....
... é o que me apetece.
Exactamente.
Matar cachorro a grito.
Se bem que os desgraçados dos cães não tenham muito a ver com o assunto.

Wednesday, December 06, 2006

Dia -407

O Frio
Isto sabe-me bem. De verdade que este frio me sabe bem.
Gosto tanto do Inverno.

Tuesday, December 05, 2006

Dia -406

A Solidão
A solidão não é estarmos sózinhos.
É sentirmo-nos sózinhos.
Enquanto estou só não me incomodo.
Estou. Só.
Mas às vezes sinto-me só.
E é aí que começo a preocupar-me.
Com o futuro da minha solidão e assim.

Monday, December 04, 2006

Dia -404

Paris, Je T'Aime
São 20 pequenos filmes sobre 20 bairros de Paris.
Deliciosos.