Monday, November 12, 2007

Dia -746



Eu não devia viver dentro de uma canção de amor.
Dessas de onde apetece fugir.
Onde as notas são como facas.
Dessas canções.
De amor.
Onde as notas são lágrimas afiadas.
A vazar-nos os olhos.
A rasgar-nos a carne.
A queimar-nos a pele.
Eu devia viver dentro de uma canção de amor.
Onde o teu sorriso não estivesse.
A lembrar-me para sempre.
Onde era o amor.
Onde eram as notas.
Mansas.
Como as árvores centenárias.
Eu não devia viver dentro de uma canção de amor.
Dessas onde todas as árvores estão mortas.
Ou a arder.
E de qualquer maneira me empurram.
Ao morrer.
Para fora da floresta.

* Brad Mehldau Trio (4:23) in ‘The Art of the Trio, Volume 3: Songs’

Sunday, November 11, 2007

Dia -745

Arrumações

Não sei porque é que abri a primeira caixa.
Depois vi-te.
O resto é o teu sorriso imenso.
Nunca te conseguirei arrumar.
Em lado nenhum
O teu sorriso não cabe em lado nenhum.

Saturday, November 10, 2007

Dia -744

O Primeiro Dia





Gosto tanto do Sérgio Godinho.
E num dia em que sinto que as coisas
começam finalmente a mexer-se
que começamos a não ter receio de pensar
e debater...
num dia assim só me lembro desta música.
Adelante!

Friday, November 09, 2007

Dia -743

Ainda a Felicidade (algumas diferenças de género)



Cartoon de Maitena, da série Superadas

Thursday, November 08, 2007

Tuesday, November 06, 2007

Dia -741

I miei amici sono meglio di me
(particolarmente per Antonio)*


Io non meritano i miei amici.
Sono troppo buoni per me.
Oggi ho davvero bisogno di un abbraccio.
Un grande abbracio.
Mi sono recato all'ufficio postale per raccogliere una lettera raccomandata ...
Non era una lettera.
Ma una scatola (una grande) piena di cioccolatini.
Cioccolatini belgi.
Da la migliore casa di cioccolatini in tutto il mondo - Neu Haus.
Grazie mille Antonio.
Per la sorpresa.
Per il cioccolato
e per l'abbraccio che mi avete dato,
senza sapere che avevo bisogno.

* Scusa Antonio, ma mio italiano non è molto buono

Sunday, November 04, 2007

Dia -739

Sicko


Mais um tiro certeiro de Michael Moore.

Thursday, November 01, 2007

Dia -736

Conheço outros retratos teus onde também estás viva*

Vou ali.
É quase certo que volto.

Entretanto deixo-vos isto:



* Ruy Belo, Elogio de Maria Teresa.
Aqui dito, tão bonito, por Luís Miguel Cintra)

Wednesday, October 31, 2007

Dia -735

À Espera de um Milagre ou...



... porque raio acham que vamos ao cabeleireiro hein?


cartoon da incomparável Maitena, da série Superadas

Tuesday, October 30, 2007

Dia -734

Outono

Uma lâmina de ar
atravessando as portas. Um arco,
uma flecha cravada no Outono. E a canção
que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
quando saio para a rua, molhado como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede
cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
como se, de repente, não houvesse mais nada senão
a imperiosa ordem de (se) amarem.
Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
que a minha boca recusa. É outono.
A pouco e pouco despem-se as palavras.

(Joaquim Pessoa)

Sempre gostei deste poema e quando chega o Outono lembro-me sempre de como gosto dele.
Das palavras que se despem, como as árvores.
Das mulheres de botas que nos atravessam a tristeza.
Da ordem imperiosa para o amor.
Da desmedida ternura pelas palavras.
Dos nomes que não há para certas ausências.

Monday, October 29, 2007

Dia -733

Imagens

No espaço de uma semana, duas pessoas completamente diferentes, por razões radicalmente diversas disseram-me
"nunca me esqueci daquilo que disseste há 3 ou 4 anos atrás".
Num dos casos, o assunto era pessoal. No outro era profissional.
Mas estou um bocadinho preocupada.
Tanto mais que uma terceira pessoa teve a delicadeza de me escrever hoje a dizer
"tu pareces capaz de fazer sobressair o melhor que há nas pessoas".
Estou mesmo um bocadinho preocupada.
Nenhuma destas imagens que de mim têm estas
(e eventualmente outras) pessoas,
apesar de simpáticas e delicadas,
corresponde àquilo que sou.
Não sou sábia.
Não digo coisas de que as pessoas se recordem durante tanto tempo.
Coisas que sejam úteis e importantes.
Não sei fazer sobressair as qualidades dos outros.
E, confesso, disto tenho pena.
Assim como lamento que estas imagens que me favorecem tanto, não sejam verdade.

Sunday, October 28, 2007

Dia -732

Uma hora a mais

Gosto desta mudança da hora.
Gosto mesmo.
E às seis da tarde já estava tão escuro...
está a chegar o Inverno.
Yuuuupiiii!

Saturday, October 27, 2007

Dia -731

Estes miúdos tão simpáticos

foram os meus alunos todos os dias desta semana.
Na I Parte da disciplina de Research Methods II.
Gostei muito de conhecer todos eles.
Além de simpáticos, foram atentos, tolerantes, interessados e divertidos.

Thursday, October 25, 2007

Dia -729

Volver*



Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida...
Tengo miedo de la noche
que poblada de recuerdos
encadena mi soñar...

Hay cosas que sólo suenan bien en castellano.
Hoy este blog celebra dos años.
Aquí me encuentro con todos mis días pasados.
Quizás el pasado no sea importante.
Pero... mirar a esos días es como volver.
Volver al pueblo.
A los pequeños lugares donde hemos nacido.
Nacemos casi todos los días
(nos quedamos muertos, en todos los otros)
aunque no nos demos cuenta.
Pero a veces tenemos que volver.
A los días pasados.
A esos días mismos
en que hemos nacido.
Una y otra vez.

*A música original é de Carlos Gardel. A letra de Alfredo le Pera. Quem aqui canta é Estrella Morente. Pedro Almodovar usou esta música no filme exactamente chamado Volver. Fica aqui também uma versão de Astor Piazzola.


Tudo isto vem a propósito do facto de o blog que conta os dias a menos fazer hoje dois anos.

Wednesday, October 24, 2007

Dia -728

Mais Tales of Mere Existence






Tuesday, October 23, 2007

Dia -727

Ficções

Às vezes não sabemos se as pessoas
que conhecemos e de quem gostamos
são ainda as mesmas.
Mas
às vezes, aquilo que sabemos sobre alguém
é o bastante,
mesmo que seja já pouco
ou mesmo que seja já diferente.

Monday, October 22, 2007

Dia -726

As Mãos, os Dedos

Há gestos
como passares muito devagar
a ponta dos teus dedos
na minha cara demasiado branca
que me fazem querer ficar
para sempre
com as tuas mãos
marcadas
Gestos como o abraço
à porta da casa
que me fazem querer
para sempre
os teus dedos
como gritos de silêncio
apertados contra
as minhas costas cansadas
do peso das coisas
que nunca foram feitas
Há gestos
que se fazem
com as mãos abertas
ou só com ponta dos dedos
exaustos
os teus dedos
exaustos
onde se concentra toda a gravidade
das coisas belas
que me impedem de morrer
Gestos
como acordar de repente
no meio de uma áspera madrugada
tacteando
com os dedos sonolentos
a mesa de cabeceira
para encontrar
uma palavra cheia
cheia
como as tuas mãos
no meu rosto
lentamente

Sunday, October 21, 2007

Dia -725

Arrepio (ii)

Dizemos pouco, muito pouco, uns aos outros, gosto de ti.

Saturday, October 20, 2007

Momento de Intervalo...

... para responder

a esta corrente que a Rosário do Divas&Contrabaixos me lançou:
1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Ora então, eu tenho uns 10 ou 12 livros em cima da mesa de cabeceira. No trabalho tenho mais uns 10 ou 12 livros em cima da secretária. Mas pego num dos da mesa de cabeceira e aqui vai:
1. Bill Bryson - Na Terra dos Cangurus, Lisboa: Quetzal Editores (edição portuguesa de 2003)
2. Ok
3. Ok
4.O problema de Adelaide, ao que parece, é geográfico. A cidade situa-se na orla errada da Austrália civilizada, longe dos vitais mercados asiáticos e sem nada adjacente a não ser uma grande quantidade de nada. Para norte e para oeste ficam uns milhões de quilómetros quadrados de deserto queimado; para sul, nada a não ser o mar aberto até à Antárctida. Só para leste existem algumas cidades, mas até mesmo Melbourne fica a 720 quilómetros de distância e Sydney quase a 1600.
5. De facto, creio que não escolhi. A melhor frase. Ou sequer o melhor livro do Bill Bryson. Que isso do melhor livro entre todos os livros que já li e hei-de ler, seria uma tarefa difícil, para não dizer impossível. Gostava de conhecer a Austrália. A seu tempo lá irei, suponho.
6. Esta parte é a mais difícil. As pessoas cujos blogs gosto de ler não gostam muito de correntes (destas, pelo menos). Ainda assim passo esta corrente à Fátima, porque tem bom gosto e não lê os dicionários de Desordens Mentais; ao Luís (que vai protestar imenso e, provavelmente, não responderá); ao Bagaço Amarelo (que não vai compreender possivelmente, dado que a corrente lhe é lançada por uma mulher); ao Joaquim (porque poderíamos ter uma conversa como esta na esplanada mais bonita de Lisboa) e ao Bruno (porque provavelmente me responderá com uma frase do Murakami. Ou do Beck, noutro registo).
E lamento estar a ler uma coisa tão pouco poética, pour l'instant.

Dia -724

Tantas, muitas, demasiadas vezes

as palavras que espero
são ditas.
Os gestos que inventei
são feitos.
Os olhares que procurei
existem.
Mas a boca, os dedos, os olhos
não são os certos.
Ou talvez seja só o tempo.
Tenho pensado,
quando ainda me ocupo de pensar,
que sou eu
a desarrumada.
Que tudo o resto está certo.
Quando acontece.
Está tudo certo.
É tudo verdade.
Menos eu.

Friday, October 19, 2007

Dia -723

A Minha Esquizofrenia Explicada pela Fátima*

Os blogs de Elisa são muitos para uma pessoa só, estou a falar de mim.
Num deles faz uma contagem decrescente ou crescente,
nem vou verificar porque me pareceu inquietante.

*
Ela, por ser delicada, não lhe chama assim.
E sim, é melhor não verificar se a contagem é crescente ou decrescente porque até a mim me inquieta.

Thursday, October 18, 2007

Wednesday, October 17, 2007

Dia -721

How to Cope With Depression*


*Da série disponível no You Tube: Tales of Mere Existence (thanks Kika)

Tuesday, October 16, 2007

Dia -720

Biografia*

procurei-te na luz, no mar, no vento.

*extracto do pequenino poema Biografia de
Sophia de Mello Breyner Andresen

Monday, October 15, 2007

Dia -719

Arrepio

Tomamos tão pouco conta uns dos outros.

Sunday, October 14, 2007

Dia -718

Dizes-me que me deite, que adormeça com um poema

Os anjos que conheço são de erva e de silêncio.

António Ramos Rosa

Saturday, October 13, 2007

Dia -717

Tenho tantas saudades tuas, tantas saudades tuas, tantas saudades tuas... *

Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um

- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum

Eugénio de Andrade

*tenho. este não é o nome do poema. são mesmo só saudades tuas.
da terra limpa do teu rosto.

Friday, October 12, 2007

Dia -716

Sexta-feira à noite

"Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite

Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.

Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.”

Marina Colasanti

Obrigada, João.

Thursday, October 11, 2007

Dia -715

Coisas de Nada (III)

Comprei este livro, com fotografias e textos tão bonitos sobre um dos meus heróis (imperfeito, como todos) de uma editora magnífica (a tinta-da-china). Sim. Além do conteúdo eu gosto que os livros sejam bonitos. A Quetzal tinha umas edições tão bonitas há uns anos. Agora nem por isso. Por exemplo.


Estreou hoje The Inner Life of Martin Frost, de Paul Auster. E folgo em anunciar que a Norte do país o filme está no Medeia-Cidade do Porto e (pasme-se) no Fórum Aveiro. Viva!

Gosto muito do Paul Auster, o escritor que de vez em quando faz filmes*. Amanhã vou ver. Deviam fazer o mesmo, num cinema perto de vós.


*Realizou Lulu on The Bridge, Blue in the Face e Smoke (todos altamente recomendáveis). Escreveu muitos livros. Os meus preferidos são A Música do Acaso, A Solidão Reinventada e A Trilogia de Nova Iorque.

Tuesday, October 09, 2007

Dia -713

Silenzio

alguém que começo a conhecer
(de certeza: não existe)
alguém a quem me liga mais do que supus
(eu digo: não suponho)
por exemplo
a dor
a morte
o riso
(um dia: o esquecimento)
fala
(me)
assim
do silêncio

Eppure io credo se chi fosse un po' più di silenzio,
se tutti facessimo un po' di silenzio, forse qualcosa potremmo capire *

sim
se
(ao menos)
pudéssemos fazer um pouco mais de silêncio
(todos nós)
compreenderíamos
(certamente)
qualquer coisa nova
ou diferente
mas não
fizemos deste ruído
(dentro)
o nosso hábito
e não compreendemos
(quase)
nunca
nada

*fala de La vocce della luna, o último filme de Frederico Fellini.

E, no entanto, eu acredito que se houvesse um pouco mais de silêncio, se todos fizéssemos um pouco de silêncio, talvez pudéssemos compreender alguma coisa


Monday, October 08, 2007

Dia -712

Eu penso que já tinha dito,

mas, pelo sim pelo não, digo outra vez:

odeio comédias românticas*!


*bolas, que xaropada. E nada daquilo acontece na vida das pessoas mais ou menos normais... isto vem a propósito de ter ido ver uma comédia romântica: No Reservation (de Scott Hicks). Claro que saí de lá a lamentar que na minha vida não apareça um cozinheiro tão simpático e amoroso e romântico como o Aaron Eckhart. Bom, sim, claro... têm razão... eu também não sou a Catherine Zeta-Jones.
Pois. Deve ser isso. Bah.

Sunday, October 07, 2007

Dia -711

Género Hilariante-Repugnante



O lado mais sangrento de Grindhouse*. Delirante.
Os diálogos são ainda mais geniais que em Death Proof.
A banda sonora é que nem por isso...

* Grindhouse é o projecto duplo de Quentin Tarantino (Death Proof) e Robert Rodriguez (Planet Terror). Grind-House Theaters eram (são?) salas de cinema típicas das cidades do interior dos EUA (entre os anos 50 a 80) com sessões contínuas de filmes, geralmente de baixo orçamento, extremamente violentos ou de natureza marcadamente sexual (ou, ainda melhor, uma mistura de ambos).

Saturday, October 06, 2007

Dia -710

Gosto Disto


Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente

Tem cuidado e tira a teima

Vê aquilo que sou

Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou

Tu não sonhas ao que venho

Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim

Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Diz-me diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas

Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou

Clã - Tira a teima

Friday, October 05, 2007

Dia -709

A República

está velha, coitadinha.
Faz 97 anos.
Felicitaciones!
Antes uma República velha
que uma nova monarquia!

Thursday, October 04, 2007

Dia -708

Meditativos Comboios

O Antonio escreveu-me a contar que atravessou a Hungria, passou pela Croácia, pela Eslovénia até que finalmente chegou a Itália, num comboio de meditação. Ou num meditativo comboio.
Eu, que também gosto de comboios, fiquei absolutamente rendida a esta imagem.
Já tinha os pensativos cigarros. Faltavam-me os meditativos comboios.

Tuesday, October 02, 2007

Dia -706

Coisas de Nada (II)

Ao almoço, pergunta-me:
- may I seat here?
- of course not!
- In that case... diz, afastando-se com o prato
- ehi! I was joking... sorry... you don't know me very well... sorry...
- I know you enough to want to keep in touch with you.
- :-)

Monday, October 01, 2007

Dia -705

Coisas de Nada (I)

Uma senhora espanhola, aí dos seus cinquenta anos,
que acompanhava um dos congressistas, pergunta-me:
- já acabou os seus estudos foi?
- ??? Como??
- Se ainda está a estudar ou se já acabou os seus estudos...
- ??? hum? Bom... já acabei há muitos anos...
- ???
- Eu já não sou uma miúda, sabe?
- Ora, não pode ter mais de 30 anos!
- :-) Já me fez ganhar o dia. Muchas Gracias.


A conversa foi em bom (mau) portunhol, que me abstenho de aqui reproduzir.

Sunday, September 30, 2007

Dia -704

Ai que Stress!

Bolas! Dia 26 levantei-me às 5 e meia da manhã. O que já de si é uma violência.
Cheguei ao destino às 24h. Depois de 2 voos. Umas quantas horas de espera e um autocarro.
Tudo somado dá 18h e meia de viagem.
A seguir 2 dias intensos de congresso. A começar às 9h. Praticamente sem intervalos.
Com jantares até às tantas.
A falar inglês e espanhol e italiano e francês e português e a certa altura a misturar tudo.
Ontem depois de me ter levantado às 8 da manhã, de um autocarro, de um voo e de um comboio, cheguei a casa às 22h.
Estou de rastos. Cheia de stress. Doem-me as costas. Estou com tonturas.
Esta vida, ainda que animada, é uma tortura!
Não tenho intenções de voltar a sair de Aveiro antes do fim do mês.
É uma dificuldade para ir a qualquer parte do mundo. É demorado. É caro.
Porque raio não vivo eu na Bélgica ou assim num desses países mais no centro da Europa?

PS - A Hungria e a maior parte dos húngaros continua
(tal como achei há 2 anos atrás, quando lá passei duas semanas, mais tranquilas)
a precisar de polimento.

Wednesday, September 26, 2007

Dia -700

Istenhozzád!

ÉN lesz hát ha Nem kérdezek iszik Tokaj felszánt ÉN died*

*ou qualquer coisa como isto que o meu húngaro não é grande coisa. De qualquer modo como escreveu Chico Buarque em Budapeste o húngaro é uma língua que nem o diabo gosta.

Tuesday, September 25, 2007

Dia -699

Estatura


Eu é que não tenho estatura para esta merda a que chamam política!


(E mais informo que nem sequer tenho simpatia por nenhum dos senhores em causa, nem por praticamente nenhum dos militantes do seu partido. Excepto o Pacheco Pereira. Mas esse é um tipo com coluna vertebral. O que para a política não conta, já se vê)

Monday, September 24, 2007

Dia -698

A Evidência Empírica que (me) Faltava para Comprovar que Estou a Ficar Senil

Já não falava com ela há alguns dias e assim peguei no telefone e marquei o número. Ela atende e diz-me oh amiga! Estás boa? E eu que sim, que estou mas e ela? Porque razão tem ela aquela vozinha sumida e rouca? Ah estive afónica dois dias... não conseguia mesmo falar... e eu: o quê??? Então estiveste afónica e nem me disseste nada??

A seguir vou à varanda fumar um cigarro e lá em baixo, na rua, num dos placards de publicidade deparo-me com o seguinte anúncio Dia xpto concerto do Padre Luís Borga e sua Banda Larga*.
Estive 3 ou 4 segundos para perceber que o anúncio não referia a largura ou o comprimento da banda.
Isto não é normal, pois não?

* Borga é um nome surreal para um padre, não acham? Bom, aquilo aconteceu depois de ter estado umas horas a ler em inglês sobre boadband penetration e narrowband penetration e o digital divide e o raio que me parta!

Sunday, September 23, 2007

Dia -697

Há-de flutuar uma cidade

há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade

(Al Berto)

Saturday, September 22, 2007

Dia -696

Comentários e Frigoríficos

Peço desculpa, mas eu interpreto esses gestos obscenos como uma ofensa ao frigorífico.
Porra que já não se pode ser frio e estar sossegadinho com o motor a ronronar baixinho, sem que venha um gajo qualquer a querer saltar-nos para cima??

Este foi o meu comentário a propósito deste post,
baseado numa notícia do Jornal de Notícias, do divorciado que não compreende as mulheres.

Thursday, September 20, 2007

Dia -695

Roedores de Lisboa Uni-vos e Prestai um Elevado Serviço à Nação


(Ana de Amsterdam - num post intitulado Sócrates)

Momento de Intervalo...

... Para Assinalar

que depois de ter estado hoje com alguns dos meus alunos admito,
porque tenho de admitir,
que estava cheia de saudades deles*.
Segunda-feira começa o novo ano lectivo.
Votos de muito sucesso académico.
Misturado com doses sensatas de diversão, claro.

*especialmente do meu aluno-ex-preferido... que deixou de usar o título no dia em que descobri que ele vestia aquelas fatiotas inenarráveis, pretas e cheias de um significado qualquer que eu não compreendo muito bem... é que sendo ele uma daquelas boas pessoas, difíceis de encontrar, não estava à espera que fosse adepto de carneiradas deste género ;-P .
Apesar da descoberta contar já com alguns meses, ainda não recuperei do desgosto.
Mas...
muito baixinho... continua a ser o meu aluno preferido.
Competindo com outra menina. Que já não é aluna. E a quem tenho o privilégio de poder chamar amiga.

Dia -694

Estava Aqui a Pensar que Talvez...

as pessoas se preocupem demais com o amor*.
Tenho a certeza que as pessoas se preocupam demais com o amor.
Depois de uma ronda pelos blogs dos outros isso é claro. Isso, ou seja
essa excessiva crença no amor como aquilo que poderá salvar-nos.
De que o amor É...
Ora eu estava aqui a pensar que...
já senti a extrema alegria de me apaixonar (muitas vezes)**.
Já senti uma solene comoção ao dizer amo-te (algumas vezes)
e isso ter sido inteiramente verdade, em três ou quatro casos***.
Ora eu estava aqui a pensar que, sim, o amor é uma coisa muito importante.
Apenas não acho que seja a coisa mais importante da minha vida.
A coisa mais importante da minha vida sou eu.
Isso (ainda que pareça egoísta) é uma inabalável verdade.


* Falo do amor romântico. Não do amor num sentido mais hum... universal?

**Apesar de ter dificuldade em gostar de pessoas... eu sou como aquele standard de jazz... I fall in love to easily, I fall in love to fast. E desapaixono-me exactamente com a mesma facilidade e rapidez. É uma limpeza, digamos.


***Não é que nos outros casos não fosse verdade no momento em que a palavra foi proferida. Mas era uma verdade frágil. Dessas que se desmoronam ao mínimo sopro. Os três ou quatro casos em que foi absolutamente verdade. É porque continua a ser absolutamente verdade o que eu senti em todos os momentos em que, nesses casos, proferi tal palavra.

Wednesday, September 19, 2007

Dia -693

Very Happy to See you Again

Boas notícias hoje.
Terminámos (a Elisabeth e eu*) o raio do paper.
Dia 26 lá partiremos para Eger, na Hungria, país onde será óptimo regressar.
Mas as boas notícias continuam:
1) a viagem sofre uma interrupção de 4 horas em Amesterdão.
Vai dar tempo para apanhar o comboio do aeoroporto para o centro.
A viagem demora uns meros 15 minutos e há o Café CoBrA que espera por mim na Museumplein.
2) Antonio, o maravilhoso contador de histórias italiano (ver dia -685) disse-me há pouco que muito provavelmente também estará em Eger. Acrescentando a frase que dá nome ao post.
Nunca a expressão I am looking forward to see you again teve tanto significado para mim.
É que estou mesmo. Looking forward to see him again.
Antecipo as gargalhadas e a boa conversa à volta da mesa.
É que boas pessoas. Com sentido de humor. E que falem italiano. São tão difíceis de encontrar**.

*Eu também me chamo Elisabete, para quem não saiba. A Elisabeth e eu formamos uma equipa do tipo Dupond&Dupont para as questões do turismo rural.

** Antes que alguém se lembre de me atirar que estou apaixonada, devo esclarecer que não estou.O Antonio é um senhor bastante mais velho que eu, muito feliz com a sua mulher e os seus filhos.É uma pessoa deslumbrante, de facto, mas por toda uma outra série de razões que não envolvem a paixão.Apenas o encantamento de encontrar uma pessoa de quem gostamos (e acreditem que isso, no meu caso, é muito pouco frequente).

Tuesday, September 18, 2007

Dia -692

Umas pérolas aqui, umas pérolas ali*

«There is only one [television] network in Norway and it is stupefyingly bad. It's not just that the programmes are dull, though in this respect they could win awards, but that the whole thing is so wondrously unpolished. Films finish and you get thirty seconds of scratchy white circles like you used to get when your home movies ran out and your dad didn't get to the projector fast enough, and then suddenly the lights come up on the day's host, looking faintly startled, as if he had been just about to do something that he wouldn't want the nation to see. [...] The best that can be said for Norwegian television is that it gives you the sensation of a coma without the worry and inconvenience.»

(Capítulo 2 - Hammerfest)

«By half-past eight Paris is a terrible place for walking. There's too much traffic. A blue haze of uncombusted diesel hangs over every boulevard. I know Baron Haussmann made Paris a grand place to look at, but the man had no concept of traffic flow. At the Arc de Triomphe alone thirteen roads come together. Can you imagine that? I mean to say, here you have a city with the world's most pathologically aggressive drivers - drivers who in other circumstances would be given injections of thorazine from syringes the size of bicycle pumps and confined to their beds with leather straps - and you give them an open space where they can all try to go in any of thirteen directions at once. Is that asking for trouble or what?
It's interesting to note that the French have had this reputation for bad driving since long before the invention of the internal combustion engine. Even in the eighteenth century British travellers to Paris were remarking on what lunatic drivers the French were, on "the astonishing speed with which the carriages and people moved through the streets ... It was not an uncommon sight to see a child run over and probably killed." I quote from The Grand Tour by Christopher Hibbert, a book whose great virtue is in pointing out that the peoples of Europe have for at least 300 years been living up to their stereotypes. [...]»

(Capítulo 4 - Paris)

«The brochures [in the town of Spa] were all for places with non-nonsense names like The Professor Henrijean Hydrology Institute and The Spa Therm Institution's Department of Radiology and Gastro-Enterology. Between them they offered a bewildering array of treatments that ran from immersion in 'natural carbogazeous baths' and slathering in hot and gooey mudpacks, to being connected to a free-standing electrical sub-station and briskly electrocuted, or so it looked from the photograph. These treatments were guaranteed to do a number of things I didn't realize it was desirable to do - "dilate the dermal vessels", "further the repose of the thermoregulatory centres" and "ease periarticular contractures", to name but three.
I decided without hesistation that my thermoregulatory centres were reposed enough, if not actually deceased, and although I do have the occasional periarticular contracture and pitch forward into my spaghetti, I decided I could live with this after seeing what the muscular, white-coated ladies of the Spa institutes do to you if they detect so much as a twinge in your particulars or suspect any backsliding among the dermals. The photographs showed a frankly worried-looking female patient being variously covered in tar, blown around a shower stall with a high-pressure hose, forced to recline in bubbling copper vats and otherwise subjected to a regimen that in other circumstances would bring ineluctably to mind the expression "war crimes". [...]»

(Capítulo 6 - Bélgica)

«It should have been written into the armistice treaty at the end of the [second world] war that the Germans would be required to lay down their accordians along with their arms.»

(Capítulo 9 - Aachen e Colónia)

«I love the way Italians park. You turn any street corner in Rome and it looks as though you've just missed a parking competition for blind people. [...] Romans park their cars the way I would park if I had just spilled a beaker of hydrochloric acid on my lap. [...]
Italians will park anywhere. All over the city you will see them bullying their cars into spaces about the size of a sofa cushion, holding up traffic and prompting every driver within three miles to lean on his horn and give a passable imitation of a man in an electric chair. If the opening is too small for a car, Italians will decorate it with litter [...]
Italians are entirely without any commitment to order. They live their lives in a kind of pandemonium, which I find very attractive. They don't queue, they don't pay their taxes, they don't turn up for appointments on time, they don't undertake any sort of labour without a small bribe, they don't believe in rules at all. [...]»

(Capítulo 13 - Roma)

«Still the [hotel] elevator didn't come. I decided to take the fire stairs. I bounded down them two at a time, the whole of my existence dedicated to the idea of a beer and a sandwich, and at the bottom found a padlocked door and a sign in Italian that said "If there is ever a fire here, this is where the bodies will pile up".»

(Capítulo 15 - Florença)

«The people of McDonald's need guidance. They need to be told that Europe is not Disneyland. They need to be instructed to take suitable premises on a side street and given, without option, a shop design that is recognizable, appropriate to its function and yet reasonably subdued. It should look like a normal European bistro, with perhaps little red curtains and a decorative aquarium and nothing to tell you from the outside that this is a McDonald's except for a discrete golden-arches transfer on each window and steady stream of people with enormous asses going in and out of the door. While we're at it, they should be told that they will no longer be allowed to provide each customer with his own weight in styrofoam boxes and waste paper. And finally they have to promise to shoot Ronald. When these conditions are met, McDonald's should be allowed to operate in Europe, but not until.»

(Capítulo 19 - Áustria)


*mais vale ler na língua original, sem qualquer dúvida, estas e outras pérolas de Bill Bryson em Neither Here Nor There, ou seja em Nem aqui, nem ali,
o livro que ontem (hoje) às 6 e meia da manhã acabei de ler,
no meio de sonoras gargalhadas.
Estas pérolas na língua em que foram escritas foram retiradas daqui.
Bom proveito

Monday, September 17, 2007

Dia -691

A Vaca: o único animal de estimação possível*

«A meu ver, o único animal de estimação possível é a vaca. As vacas amam-nos. São inofensivas, têm bom aspecto, não precisam de um caixote para defecar, mantêm a erva controlada e são tão confiantes e estúpidas que não se pode senão abrir-lhes o coração. No lugar onde vivo, no Yorkshire, existe uma manada de vacas ao fundo da vereda. Podemos encostar-nos a um muro a qualquer hora do dia ou da noite que, passado um minuto, todas as vacas virão a balançar-se e ficarão junto de nós, demasiado estúpidas para saberem o que fazer a seguir, mas felizes só por estarem connosco. Tanto quanto sei, ficariam ali o dia todo, possivelmente até ao fim dos tempos. Escutarão os nossos problemas e nunca pedirão nada em troca. Serão nossas amigas para sempre. E quando estivermos fartos delas, podemos matá-las e comê-las. Perfeito.»

Bill Bryson - Nem aqui, nem ali - a Europa de Estocolmo a Istambul, Quetzal Editores.

*
ou: em vez de um (a) companheiro (a) arranja mas é uma vaca.

Sunday, September 16, 2007

Dia -690

Bill Bryson*

Acho que nunca vos tinha dito que gosto muito de ler o Bill Bryson.
Ainda há pouco, com o Nem aqui, nem ali na mão ri-me sozinha, como uma perdida,
até às lagrimas com as suas estórias de viagens pela Europa (de Estocolmo a Istambul).
Diz-se de Bill Bryson que é um escritor de viagens. Não sei bem se é um escritor de viagens.
Nem me interessa como se classifica.
Sei que é absolutamente hilariante. Delicioso. Inteligente.
Eu gosto de quem me faz rir, assim.

*De Bill Bryson, já li e recomendo Made in America, Crónicas de uma pequena Ilha, Notas sobre um país grande, Por aqui e por ali, Breve História de quase tudo e agora estou a terminar Nem aqui, nem ali. Faltam-me Diário Africano e Na Terra dos Cangurus que não consigo encontrar em lado nenhum... :-(

Saturday, September 15, 2007

Dia -689

You've Got What it Takes

Brook Benton e Dinah Washington

Friday, September 14, 2007

Dia -688

Parabéns Azul*

Muitos anos de vida e de folêgo para esse saxofone.

*Clicando no Azul podem ouvi-lo no Myspace a interpretar músicas como The Blues Walk; I Got My Mojo, Mercy, mercy, mercy e Blue Monk. Para ouvirem mais visitem os blogs dele: Registos Autónomos; Rui Azul Index e Jazz Workshop

Thursday, September 13, 2007

Dia -687

Pronto... não há amor como o primeiro


E efectivamente, assim à primeira vista (e à segunda e à terceira e...)... era mesmo com este (enquanto Dr. House) que eu podia ser muito feliz.

Talvez a silly season ainda não tenha terminado para mim. Só não percebo é porquê. A realidade já me gritou ene vezes e de ene maneiras diferentes para eu acordar.

Wednesday, September 12, 2007

Dia -686

Será que ides hesitar?

Ó Joaquim... com a tua experiência no MIAP e a minha ex-militância num pequeno partido da esquerda radical... que tal se encetássemos um movimento para fazer
a revolução avançar a todo o vapor?

É que eu acho que andamos mesmo a precisar!

(para ampliar e ler o apelo do camarada Arnaldo de Matos basta clicar na imagem)


Tuesday, September 11, 2007

Dia -685

Una storia deliziosa*

Conheci este ano em Wageningen um senhor italiano magnífico.
Um belíssimo contador de estórias, estilo Nanni Moretti.
Em italiano e tudo.
Uma das estórias que Antonio me contou é assolutamente deliziosa.
Contou-me ele que em 1974, logo a seguir ao 25 de Abril, o
movimento lotta continua fretava voos charter para que os jovens italianos
pudessem vir a Portugal 'ver' a revolução.
E eles lá vinham, lá viam e lá regressavam a Itália.
Alguns aprendiam as canções de intervenção portuguesas.
Outros, a maioria, levavam na bagagem um poster
de um senhor que ninguém parecia saber quem era.
Aliás, o Antonio esbracejando muito dizia-me, no meio da sua estória,
que perguntava a torto e a direito aos seus amigos regressados de ver a revolução:
ma chi è quest'uomo? Ma chi è quest'uomo?

A minha curiosidade crescia, enquanto Antonio me explicava
que o dito poster do dito uomo figurava no quarto de todos
os jovens italianos militantes do lotta continua,
ao lado de figuras como Che Guevara...
e que nenhum deles parecia saber de quem se tratava...

Si... chi era quest'uomo?

Hoje o Antonio, da sua Firenze natale, enviou-me o tal poster
Il uomo era questo:


*Agora que sou um Peão, também contei lá questa storia.

Sunday, September 09, 2007

Dia -684

Eu e Ele...



... também* podíamos ser muito felizes.
Especialmente eu.

*costumo dizer isto a propósito do Hugh Laurie, na pele de Dr. House. Mas hoje não resisti a esta fotografia... a barba por fazer, a camisa branca, as ruguinhas de expressão... Ai, ai...


Saturday, September 08, 2007

Dia -683

Hairspray*

Eu diverti-me. Pronto. E isso chega. Às vezes é tudo o que se pode pedir a um filme.
Entretenimento. Diversão. E uma pitadinha muito pequenina de densidade que,
se eu não fosse a cínica que sou,
reconheceria.
Assim, diverti-me. Pronto.


* Um filme de Adam Shankman, com John Travolta (travestido, imensamente gordo, mas a dançar bem, como sempre), Michelle Pfeifer (muito loira e linda, como sempre, a fazer de má, como raramente), Christopher Walken, Amanda Bynes, Queen Latifah, Nikky Blonsky e muitos mais.
Vejam o trailer aqui.

Friday, September 07, 2007

Dia -682

Summertime*

Uma vez perguntaram-me qual era a minha versão preferida
e eu respondi esta:



*Janis Joplin. Interpreta aquela que, contrariamente ao que podiam ser as expectativas,
é de facto a minha versão de eleição.
Mas assim mesmo: odeio o verão!

Thursday, September 06, 2007

Dia -681

Laisse Tomber Les Filles...*


c'est vrai que on ne joue pas impunément avec un coeur innocent*.

*
Laisse tomber les filles é o original (de Serge Gainsbourg, de 1964) de Chick Habit... a fabulosa música de April March, sabiamente integrada na estonteante banda sonora de Death Proof, mais um também estonteante filme de Quentin Tarantino.

Wednesday, September 05, 2007

Dia -680

Ora eu...

que estou absurdamente constipada
(serei talvez uma das raras pessoas que se constipa quando passa do frio para o calor, não?),
acho que ainda devia estar de férias.
Será depressão pós-férias a minha constipação?

Tuesday, September 04, 2007

Dia -679

Tenho uma grande constipação*

E por agora chega-me a verdade do paracetamol.

*sim, sim, toda a gente sabe que foi assim que Álvaro de Campos começou um poema.
Assim e a espirrar até à metafísica e com o dia perdido cheio de se assoar.

Monday, September 03, 2007

Dia -678

There's no place like home?

bicicleta, candeeiro, árvore e três janelas. Mais uma. Delft. 2007

Dizem que não há lugar como a nossa casa.
Sim. Não há. E eu gosto tanto da minha.
Mas tenho saudades da Holanda.
De Delft. Sobretudo de Delft.
E do Alto Jazz Club em Amesterdão.
E dos girassóis do Van Gogh.
E assim.
Não há lugar como a nossa casa.
Há só outros lugares que gostávamos de ter mesmo perto de casa.

Monday, August 27, 2007

Dia -671

Amsterdam

Enquanto ía a atravessar a ponte recordou-se de novo como Amesterdao era uma cidade calma e civilizada. Fez um grande desvio para Oeste a fim de passear ao longo da Brouwersgracht. (...) Como era reconfortante ter um curso de água no meio da rua. Que lugar tolerante, aberto, adulto: os belos armazéns de tijolo e madeira trabalhada convertidos em apartamentos de bom gosto, as modestas pontes Van Gogh, o discreto mobiliário de rua. Os Holandeses de ar inteligente e interessante nas suas bicicletas, com os filhos de aspecto calmo sentados atrás. Até os comerciantes pareciam professores e os varredores de rua faziam lembrar músicos de jazz (...)".

(Ian McEwan Amesterdao, Ediçoes Gradiva, p. 168)

Sunday, August 26, 2007

Dia -670

Vista de Delft*

Finalmente descobri uma cidade onde podia viver apenas para ser feliz.

*Nome de um quadro (magnífico) de J. Vermeer, exposto no Mauritshuis em Haia.
Delft é ainda uma cidade absolutamente encantadora.

Friday, August 24, 2007

Dia -668

Alguns dias depois...

tenho a dizer que apesar de os teclados nao terem todos os acentos
(como constatam, nao há til),
a Holanda é um país fabuloso e os holandeses das gentes mais simpáticas que tenho visto.
Está tudo bem no reino da Holanda.
Alguma chuva.
Dias amenos.
Embora nao a menos.
Como eu gosto.

Saturday, August 11, 2007

Dia -655

Agora Vou-me Embora



Depois volto. Acho eu.

Wednesday, August 08, 2007

Dia -652

Les Vacances

Estou e não estou de férias.
É um bocado como ser e não ser.
O costume. Pois.

Sunday, August 05, 2007

Dia -649

Encosta-te a mim*



Pensando bem, é melhor guardarmos isto lá mais para Outubro.
Quando o calor for menor. E apetecer mesmo.
Encostarmo-nos. Uns aos outros.
Dar um abraço. Ou assim

* Jorge Palma

Saturday, August 04, 2007

Dia -648

Miguel,

uma das únicas coisas boas do Verão (que eu tanto odeio e tu adoras)
são os concertos de jazz nos jardins ou nos parques.
Como o de hoje, em Serralves, pelo sexteto Strada de Henri Texier.
Magnifique.

Friday, August 03, 2007

Dia -647

Ainda não tinha dito

este ano que odeio o verão, pois não?

Thursday, August 02, 2007

Dia -646

Ele e o Amor Dele


Ou de como o Diário Dócil nos mostra que (ainda) há
blogs magníficos!

Wednesday, August 01, 2007

Dia -645

I am affraid I am

a drama junkie.

Tuesday, July 31, 2007

Dia -644

No Café*

-Queria pagar, se faz favor
- São 2€ e 50 cêntimos, minha jovem.
- Hã? :-))


*Esta simpatia toda, porém, não me fez esquecer. Seriam 14 anos hoje. Se...

Thursday, July 26, 2007

Dia -639

Exposed on the Cliffs of the Heart

*

Exposed on the cliffs of the heart. Look, how tiny down
there,
look: the last village of words and, higher,
(but how tiny) still one last
farmhouse of feeling. Can you see it?
Exposed on the cliffs of the heart. Stoneground
under your hands. Even here, though,
something can bloom; on a silent cliff-edge
an unknowing plant blooms, singing, into the air.
But the one who knows? Ah, he began to know
and is quiet now, exposed on the cliffs of the heart.
While, with their full awareness,
many sure-footed mountain animals pass
or linger. And the great sheltered birds flies, slowly
circling, around the peak's pure denial.- But
without a shelter, here on the cliffs of the heart...

Rainer Maria Rilke

*excerto de composição de Terry Winter Owens, interpretada por Francisco Monteiro

Tuesday, July 24, 2007

Dia -637

Misread*



Os erros de leitura entre as pessoas são frequentes.
Menos frequente é admitir que não entendemos os outros.
E ainda menos frequente é querermos, realmente, entendê-los.
Acho que andamos, todos, frequentemente, a perder alguma coisa.

* Kings of Convenience, que me foram dados a conhecer pelo Carlos. Obrigada.

Monday, July 23, 2007

Dia -636



...e escrever assim. Sobre um corpo que é meu. Mas vai deixando de ser.
Para ser uma coisa qualquer que já não me pertence.
Um corpo que está cada vez mais velho.
Um corpo que não sabe se alguma vez irá conhecer a Cornualha.

Sunday, July 22, 2007

Dia -635

Coisas que escapam à Silly Season

Alpha Dog
, um filme de Nick Cassavetes.

Saturday, July 21, 2007

Dia -634

Amor, Portugal*

Alguém que visita um dos meus blogs, fá-lo a partir de uma terra chamada Amor.
Eu já fui a Amor, por causa do nome.
Fica perto de Leiria.
É um nome bonito para uma terra. Amor.

*desenganem-se aqueles que pensaram que eu me tinha tornado patriota de repente.
Ça m'arriverai pas.

Friday, July 20, 2007

Dia -633

Não sei se ele vai levar a mal...

mas ando fascinada com este blog.

Thursday, July 19, 2007

Dia -632

escreve-se...

só. sempre. sobre. o. amor. e. a morte.
não. provavelmente escreve-se. sobre o medo. do amor. e da morte

Wednesday, July 18, 2007

Dia -631

Hum...

continuo sem nada para dizer.
Mas vendo bem, nunca tive nada para dizer.

Tuesday, July 17, 2007

Dia -630

Esqueci-me que fazias 23 anos hoje...

Mas fui ao teu blog e lembrei-me.
Muitos Parabéns Paulo.

(parece que tens coisas para me contar hein? Conta... conta... conta... ;-))

Monday, July 16, 2007

Dia -629

Post Roubado a Mim Mesma*




O meu boneco, imensamente favorecido - por João Tavares

Se eu fosse um desenho animado, era certamente uma figura simpática como esta. Só faria coisas boas. Nunca me arrependeria de nada. Teria um ganchinho permanente a segurar-me a franja e um jornal debaixo do braço, onde se leriam apenas notícias extraordinárias. Se eu fosse um boneco animado a minha vida seria mais verdadeira. E eu muito melhor pessoa. Pelo menos, não teria medo.

* Louis Armstrong (2:27) in 'Hello Dolly'

*ou o estado de desinspiração em que me encontro.

Sunday, July 15, 2007

Dia -628

Assinalar apenas

que entra hoje em vigor a nova lei da despenalização da IVG.

Até que enfim.

Saturday, July 14, 2007

Dia -627

The Dead Girl*

No mínimo, um filme que escapa à silly season cinematográfica.
Por vezes a violência da vida ou lá o que é, faz-nos querer mudar.
De vida. Ou lá o que é.

* um filme de Karen Moncrieff, com a esplêndida Toni Collette e também com Piper Laurie, Giovanni Ribisi, Mary Steenburgen, Mary Beth Hurt, Nick Searcy, Marcia Gay Harden, Kerry Washington, Brittany Murphy

Friday, July 13, 2007

Dia -626

Os Troncos das Árvores

Os troncos das árvores doem-me como se fossem os meus ombros
Doem-me as ondas do mar como gargantas de cristal
Dói-me o luar como um pano branco que se rasga.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Thursday, July 12, 2007

Dia -625

Obras

Tenho o prédio rodeado de andaimes. Envolto numa rede fina.
As janelas cheias de pó.
Cairam quatro pedras grandes hoje na minha varanda
(espero que as coloquem no seu sítio).
O barulho logo de manhã cedo é praticamente insuportável
(tenho que começar a deitar-mer mais cedo).
Procuro não pensar nas obras, mas quando agora abro as janelas do meu 4º andar,
em vez do céu habitual,
costumo ver os pés dos trabalhadores ao nível da minha cabeça.
O chão de cada um de nós é uma coisa mesmo muito flutuante.

Wednesday, July 11, 2007

Dia -624

Só depois, algum tempo depois, é que pensamos na inutilidade de certas coisas

... como explicar borboletas a uma tartaruga*

* Amos Oz - O Mesmo Mar, p.29

Tuesday, July 10, 2007

Dia -623

Olé!!

- Então e tu? De que clube és? Do benfica ou do sporting?
- Não sou de clube nenhum.
- ?!?? como?!?? Todos os portugueses têm um clube!

Então é isso!
Ou é por isso!

Monday, July 09, 2007

Dia -622

«Devemos compreender uma coisa...

só nos temos a nós mesmos - este mundo, com as suas leis, não nos dá mais nada. Não deixaremos nada para trás quando morrermos: nada para além da nossa memória»

(da peça de Athol Fugard Sizwe Banzi Morreu, encenada por Peter Brook, no
Festival de Almada, 7/7)

Friday, July 06, 2007

Dia -619

So... all you need is love*

There's nothing you can do that can't be done.
*e ter a cabeça limpa.

Thursday, July 05, 2007

Dia -618

Há perguntas

cuja resposta devia vir antes de ser necessário formulá-las.
Esta por exemplo:
what can one do when a love affair is over?

Wednesday, July 04, 2007

Momento de Intervalo...

rente ao chão
e sim, é preciso que me lembrem que eu sou preciosa

Dia -617

Por exemplo, esta


Astor Piazzola - Soledad

Tuesday, July 03, 2007

Dia -616

Haverá coisa mais bonita para se dizer?*

«Tu devias viver dentro de uma canção de amor»

(*Obrigada Alberto)

Monday, July 02, 2007

Dia -615

Não sei o que é o amor
mas gostava de aprender sem saber o significado da tristeza.

Sunday, July 01, 2007

Dia -614

Tudo o que vem de ti
é natural. E comove-me.